O cenário é de grandes incertezas para 2023. Por isso, com a economia global bastante fragilizada e o risco fiscal trazendo preocupações no mercado brasileiro, investir em dólar em 2023 pode ser uma opção.
Porém, a inconstância do mercado reabre a discussão sobre proteção do patrimônio em moeda forte. De um lado, a alta dos juros nos Estados Unidos tende a atrair recursos e puxar o dólar para cima, mas especialistas alertam que o momento exige cuidado.
Certamente, o dólar como estratégia de proteção e diversificação dos recursos faz bastante sentido. No entanto, é preciso ter em mente que as modalidades de investimento têm características próprias. Ou seja, elas reúnem vantagens e desvantagens comparativas.
Por aqui, a moeda americana teve queda de 5,10% em 2022. Para 2023, o cenário ainda é uma incerto. Bem como o único consenso dos especialistas é sobre a necessidade de o investidor refletir sobre seu perfil de risco
Então é preciso analisar com atenção as alternativas de diversificação internacional.
Como vai estar o dólar em 2023?
De fato existem minicontratos futuros atrelados à moeda americana. Na prática, são acordos de compra e venda de dólar que serão liquidados no futuro.
Em geral, servem para “travar” um preço e assegurar o custo para algum compromisso lá na frente. Ou simplesmente apostar contra ou favor de uma tendência de curto prazo, por exemplo.
Sem dúvida é um tipo de investimento mais especulativo. Porém, o acesso é simples, via home broker, e esses ativos possuem grande liquidez.
Decerto, a modalidade é indicada para clientes que têm um patrimônio já sólido e não tenham a perspectiva de uso do recurso no curto prazo.
Por outro lado, uma desvantagem é a alta volatilidade. Por isso, é algo que, em geral, demanda um acompanhamento sistemático do mercado.
Quanto à tributação, o imposto incide sobre os ganhos do mercado futuro. Para operações tradicionais fica em 15% e sobe para 20% no day trade.
5 formas de ter dólar na sua carteira de investimentos em 2023
Veja quais são as 5 formas de investir em dólar em 2023 para diversificar a sua carteira de investimentos.
Fundos cambiais
Quando se pensa em investir em dólar em 2023, o produto é uma das primeiras opções que vêm à mente do investidor. Tais portfólios podem alocar pelo menos 80% do patrimônio em ativos ligados à moeda estrangeira e à variação cambial. Entre as vantagens está a gestão profissional, alta liquidez e baixo valor de entrada.
A tributação parte de 22,5% sobre a rentabilidade para aplicações de até 180 dias (seis meses). Em contrapartida, cai para 15% se o prazo for superior a 720 dias (dois anos).
Adicionalmente, se houver resgate em menos de 30 dias, há incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
ETFs para apostar na diversificação
Os fundos de índices com cotas negociadas na Bolsa são outro caminho bastante citado para investir na moeda americana. Para isso, no entanto, o interessado precisa escolher um produto que siga um referencial no exterior e esteja exposto à variação cambial – diferente de portfólios que não incorporam esse efeito.
Um dos ETFs de mercados internacionais mais conhecido – e que incorpora a oscilação do câmbio – é o IVVB11, que busca acompanhar a variação do S&P 500, um dos principais índices de ações do mercado americano. O produto ocupa o segundo lugar entre os fundos de índice mais negociados na B3.
Na visão de especialistas, proteger-se em dólar via ETFs pode ser interessante em razão das características do produto.
Uma vantagem nítida é a maior diversificação do investimento. Isso porque os recursos estão alocados em uma cesta de ativos a um custo reduzido, além da facilidade de negociação.
Do ponto de vista operacional, os ETFs podem ser adquiridos diretamente na B3, semelhante à compra de uma ação, via home broker. A tributação é fixa em 15% sobre o ganho de capital, independente do prazo da aplicação.
No entanto, trata-se de um produto de alto risco e a liquidez de alguns ETFs pode ser mais limitada. Então, acaba não atendendo à expectativa de resgate imediato, por exemplo.
BDRs para escolher papéis específicos
Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são recibos negociados na B3 que possuem lastro em ações emitidas no exterior e seguem a variação desses papéis. O investidor pode adquirir os ativos em lotes ou de forma unitária e a transação é simples, também via home broker.
Neste caso, especialistas destacam que o risco fica concentrado no ativo escolhido, cujo preço vai variar não apenas de acordo com o câmbio, mas também com os valores negociados no exterior. Demanda, portanto, conhecimento sobre a realidade da empresa estrangeira que foi escolhida.
Entre as vantagens, o custo é apontado, pois o investidor evita pagar taxas na compra e venda de moedas estrangeiras, como o IOF de 1,1% e o spread (ganho do prestador de serviço de câmbio), que gira em torno de 2%.
Quanto à tributação, a alíquota para as operações comuns é de 15%, qualquer que seja o valor do ganho, subindo para 20% se o investidor fizer o chamado day trade (comprar e vender no mesmo dia). Se o detentor de BDRs receber dividendos pagos pelas empresas estrangeiras, terá que recolher o imposto com o carnê Leão a cada mês. Lembrando que em alguns países os proventos já são tributados na fonte.
Conta no exterior para ter acesso a mais opções de investir em dólar em 2023
Nos últimos anos, com a expansão dos bancos digitais, a ideia de abrir uma conta no exterior tornou-se uma realidade mais acessível. Seja para movimentações simples ou investimentos mais sofisticados.
Em meio à desconfiança em torno da política fiscal do governo atual, a migração de parte dos investimentos para fora do País se intensificou. A alocação de uma parcela do patrimônio em ativos internacionais como forma de diversificação da carteira é vista com bons olhos pelos especialistas.
No entanto, eles chamam a atenção também para eventuais excessos que devem ser acompanhados de perto para não se transformarem em prejuízo.
Bonds
Um destino buscado pelos brasileiros são os bonds, títulos de renda fixa que ficaram mais rentáveis com a elevação dos juros nos Estados Unidos. Uma vez que o brasileiro já conhece a renda fixa, essa é uma forma interessante de diversificar o patrimônio.
Além disso, o recurso do investidor também está atrelado a uma moeda forte e a um mercado bem mais maduro do que o brasileiro.
ADRs
Por considerar que a economia americana deve apresentar retornos piores do que a brasileira, existe a preferência por comprar ativos brasileiros nos Estados Unidos. Basicamente, os ADRs são recibos de ações brasileiras emitidos no exterior.
Eles são regulamentados pelo Conselho Monetário Nacional (Resolução CMN nº 4.373/14) e pela Comissão de Valores Mobiliários (Instrução CVM nº 559/15).