O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado que o Brasil vai superar a crise aberta com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Segundo ele, o impacto direto recai sobre apenas 3,3% do total das exportações brasileiras.
“Vai passar. Na década de 1980, era 24% a nossa exportação para os EUA, praticamente um quarto das exportações brasileiras. Hoje, é 12%. E o que está afetado é 3,3%. Isso é o que está afetado no tarifaço”, disse Alckmin em debate sobre conjuntura política promovido pelo PT, em Brasília.
Setores mais atingidos
De acordo com o vice-presidente, o efeito mais preocupante recai sobre setores de indústria de manufatura, como máquinas, equipamentos, calçados e têxtil.
“Comida, como carne ou café, se eu não vendi lá, eu vou ter outros mercados. Agora, produto manufaturado é mais difícil de realocar. Acaba realocando, mas demora um pouco mais”, ressaltou.
Atualmente, 36% das exportações brasileiras para os EUA são diretamente afetadas pela sobretaxa, enquanto outros 42% ficaram de fora. Outros 16% foram incluídos em tarifas que atingem também outros países, como aço, alumínio e cobre.
Alternativas e negociações
Alckmin reforçou que o Brasil não vai desistir de negociar a redução das alíquotas e a exclusão de mais produtos da lista de sobretaxados. Como alternativa, o governo aposta na abertura de novos mercados, com destaque para:
- Acordo Mercosul-União Europeia, previsto até o fim do ano;
- Negociações com EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça);
- Tratativas com Singapura e Emirados Árabes Unidos.
Medidas internas de apoio
O vice-presidente também lembrou das ações já anunciadas pelo governo federal para mitigar os efeitos do tarifaço:
- Abertura de linhas de crédito para exportadores;
- Suspensão de tributos sobre insumos importados (drawback);
- Ampliação do percentual de restituição de tributos federais às empresas afetadas.
Ação na OMC
No campo internacional, o Brasil abriu uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a medida dos EUA. Alckmin afirmou que a disputa pode chegar também a tribunais norte-americanos.
“Você não pode usar política regulatória por razões partidárias ou políticas”, criticou o vice-presidente.