Por Leonardo Santos*
O avanço tecnológico fez surgir um importante debate em torno do futuro do mercado de trabalho. Da previsão mais alarmista (substituição completa da força humana por robôs) até a mais tradicional (capacitação completa de todos os profissionais), os especialistas concordam em um ponto: as profissões estão em constante transformação. Enquanto algumas carreiras enfrentam dificuldades para se adaptarem a estas mudanças, outras são criadas para atenderem novas demandas. Entretanto, diferentemente do que muitos pensam, elas podem coexistir e até trabalhar juntas para potencializar negócios digitais.
É uma situação exemplificada pelas estatísticas. O relatório Futuro do Trabalho, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, estima que 65% das crianças que estão no primário devem trabalhar em empregos que ainda não existem, por exemplo. Já um levantamento realizado pelo portal Vagas.com indica que seis em cada dez jovens brasileiros ainda preferem trabalhar em carreiras mais tradicionais e consolidadas, como advogados e médicos — isto é, preferem uma possível estabilidade ao invés de se aventurar em áreas pouco conhecidas.
Os dados reforçam que o surgimento de novas profissões por meio da tecnologia não implica necessariamente na extinção de outras que não possuem apelo tecnológico. É claro que algumas carreiras são totalmente remodeladas, alterando seu escopo e suas funções — mas isso trata-se de adaptação aos novos tempos. O segredo, portanto, é saber trabalhar com essas diferentes visões dentro do ambiente corporativo, extraindo o que cada uma tem a oferecer de melhor para o sucesso da empresa e promovendo uma integração ainda maior entre todos os colaboradores.
Hoje, há um movimento dentro das empresas de tecnologia e startups para aglutinar os conhecimentos das profissões mais técnicas, como os desenvolvedores, com profissionais de outras áreas. Dessa forma, consegue-se uma visão mais ampla de todos os pontos que envolvem a criação de um produto ou serviço. Um médico, por exemplo, pode atuar como consultor para oferecer uma visão mais humanizada em todo o processo, colocando o futuro cliente no centro das atenções. Advogados oferecem contrapontos essenciais no desenvolvimento do negócio. Já bibliotecários são excelentes profissionais para realizar a curadoria de todas as informações.
Evidentemente que para esta estrutura ter sucesso, é necessário que a organização esteja pronta para conseguir atender e reunir essas diferentes visões. Algumas medidas são essenciais para isso, como manter um fluxo de comunicação transparente e de mão dupla entre colaboradores e diretoria, possibilidade de participação na tomada de decisão do negócio e integração entre as diferentes áreas desde o planejamento até a conclusão do produto ou serviço. Em suma: é algo que deve fazer parte da cultura da companhia, atingindo todos os colaboradores.
É inegável que a tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas, impactando diferentes setores da sociedade. As profissões do futuro realmente são realidade em muitos casos. Alguém imaginava trabalhar como cientista de dados há trinta anos? Mas essa é apenas um lado da mesmo moeda. Afinal, as profissões mais tradicionais sempre continuarão existindo, seja com uma roupagem mais antiga ou moderna. Empreendedores que conseguirem enxergar essa importância no dia a dia de seu negócio certamente estarão um passo à frente de seus concorrentes.
Leonardo Santos é CEO e cofundador da Semantix, empresa especializada em Big Data, Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Análise de dados. http://semantix.com.br/
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