O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) está transformando profundamente o ambiente corporativo, redefinindo papéis, processos e competências. As empresas vivem um ponto de inflexão: dominar ferramentas tecnológicas já não é suficiente — é preciso liderar com propósito e visão estratégica.
Um relatório recente da McKinsey & Company, consultoria global de referência em transformação digital, revela que apenas 1% das organizações consideram suas operações com IA plenamente maduras, enquanto 92% planejam ampliar investimentos na área nos próximos três anos. O principal obstáculo para essa evolução, segundo o estudo, não está na tecnologia, mas na falta de liderança preparada para conduzir essa transição.
O desafio da liderança na era da automação
O estrategista e mentor Robson V. Leite, especializado em negócios digitais e formação de líderes para ambientes híbridos e automatizados, observa que a crise da liderança digital nasce da formação de gestores altamente técnicos, mas pouco capacitados para lidar com pessoas, cultura e propósito organizacional.
“A liderança não se define por controles finos ou planilhas detalhadas, mas pela capacidade de escalar pessoas e decisões sem depender do gestor”, afirma Leite.
Segundo ele, muitos executivos cresceram em empresas orientadas por tecnologia e permanecem presos a esse perfil técnico, o que limita a capacidade de inspirar e delegar. Essa lacuna se torna mais evidente em um cenário de automação crescente, em que a função do líder passa a ser conectar propósito e estratégia, em vez de apenas supervisionar tarefas.
Mentalidade de dono e visão de futuro
Leite defende que o novo ambiente corporativo exige líderes com mentalidade de dono — capazes de estruturar modelos de negócio sustentáveis e replicáveis, que funcionem com ou sem sua presença direta.
“Quem pensa como dono cria sistemas que funcionam independentemente da sua figura. Quem pensa como técnico se torna refém da operação”, resume.
A diferença entre gestores convencionais e líderes de alto impacto, segundo o mentor, está na clareza sobre o destino da organização e na habilidade de formar equipes autônomas, alinhadas a uma visão de longo prazo.
Liderança humana em um contexto automatizado
O estudo da McKinsey também aponta uma contradição relevante: os empregados se consideram mais preparados para a IA do que seus líderes acreditam, mas 41% expressam preocupação com temas como segurança, propósito e governança.
Esses dados sugerem que o futuro da liderança não será definido apenas por domínio tecnológico, mas pela capacidade humana de interpretar dados, comunicar visão e consolidar culturas organizacionais em meio à automação.
“O verdadeiro desafio não é entender de IA, mas liderar pessoas em um contexto mediado por ela”, destaca Leite. “A tecnologia deve amplificar o humano, e não substituí-lo.”
O novo perfil do líder digital
A transformação em curso aponta para uma liderança que combina competência técnica, mentalidade estratégica e empatia. O gestor do futuro será aquele capaz de equilibrar dados e propósito, automatização e humanidade, garantindo que a Inovação tecnológica sirva como ferramenta de ampliação — e não de substituição — das capacidades humanas.



















