Uma pesquisa divulgada pela organização americana Foundation for Individual Rights and Expression (FIRE) revelou que 34% dos estudantes universitários entrevistados admitem apoiar o uso da violência contra porta-vozes cujas ideias desaprovam.
O levantamento, considerado o mais abrangente já realizado sobre liberdade de expressão nos campi norte-americanos, reuniu 68.510 respostas de alunos de 257 instituições de ensino.
A publicação ganhou maior repercussão após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, ocorrido um dia depois, durante um evento na Universidade de Utah.
Investigações do caso
De acordo com as autoridades, o principal suspeito é Tyler Robinson, 22 anos, preso na manhã desta quarta-feira (10/11). Até o momento, a investigação indica que ele seria o autor dos disparos que resultaram na morte de Kirk.
Reações e preocupações
Para Dafne Klajman, mestre em Diplomacia e Conflito e coordenadora acadêmica do Hillel Rio de Janeiro, os dados e o episódio recente representam um alerta sobre os rumos do debate político entre jovens universitários.
“A normalização da violência em setores da esquerda da geração Z é preocupante, para dizer o mínimo. Um campo político que se apresenta como espaço de debates e de construção de ideias em nome da justiça social tem se perdido para o extremismo violento”, afirmou.
O caso Kirk e a polarização
Klajman destacou que a morte de Kirk expõe uma contradição no cenário atual. Segundo ela, a reação de parte da juventude que celebrou o assassinato do ativista nas redes sociais indica uma tendência preocupante: “Está em curso uma geração que naturaliza a violência como forma de ação política.”
A especialista ressaltou ainda que Kirk não era um político em exercício, mas alguém que defendia o diálogo como forma de transformação social. “Ele buscava justamente o que mais falta em tempos de radicalização: o debate”, disse.
Intolerância crescente
Na avaliação da coordenadora do Hillel Rio, há uma “lógica distorcida” no comportamento de parte dos jovens ativistas, que chegaram a lamentar a morte de líderes extremistas, mas celebraram a de um defensor do diálogo.
Esse fenômeno, segundo Klajman, reflete uma tendência mais ampla de polarização política nos Estados Unidos, que tem afetado especialmente o ambiente universitário — historicamente reconhecido como espaço de circulação de ideias e debates democráticos.
“A crescente intolerância a perspectivas divergentes, quando combinada à aceitação da violência como recurso político, representa um desafio significativo para as instituições de ensino superior e para a própria democracia americana”, concluiu.