Apesar de ainda representar uma parcela modesta do setor de fundos de investimento no Brasil, o mercado de ETFs (Exchange Traded Funds) vem registrando crescimento expressivo nos últimos anos.
Atualmente, cerca de R$ 50 bilhões estão alocados nessa classe de ativos, o que equivale a aproximadamente 0,5% do total do mercado de fundos no país.
Em contraste, nos Estados Unidos, os ETFs já respondem por mais de 32% do volume de fundos, demonstrando uma maturidade significativa.
Ainda que exista uma diferença substancial entre os dois mercados, especialistas apontam que o cenário brasileiro representa uma oportunidade de expansão, especialmente considerando as taxas de crescimento percentuais superiores observadas no Brasil em relação ao mercado norte-americano.
Barreiras ao crescimento
Entre os principais obstáculos à popularização dos ETFs no Brasil está a falta de conhecimento por parte do investidor pessoa física.
Muitos brasileiros ainda associam o mercado de capitais apenas à negociação de ações ou produtos de alto risco, ignorando a diversidade de ativos disponíveis, como ETFs de renda fixa, commodities ou internacionais.
A limitação na atuação de corretoras e distribuidores também é apontada como um entrave. Por serem produtos relativamente novos no país, os ETFs ainda não são amplamente incorporados nas plataformas de distribuição de investimentos, o que dificulta seu acesso por um público mais amplo.
Benefícios e perspectivas
Apesar dos desafios, os ETFs têm ganhado visibilidade entre investidores brasileiros, impulsionados por características como transparência, custos reduzidos e possibilidade de diversificação.
Especialistas destacam que a experiência dos Estados Unidos pode servir como referência para o desenvolvimento do mercado local, onde fundos indexados são amplamente utilizados por investidores de todos os perfis.
No Brasil, iniciativas regulatórias vêm contribuindo para esse avanço. A Instrução CVM nº 179, por exemplo, buscou aumentar a transparência nos custos de distribuição de produtos financeiros, favorecendo a disseminação de produtos mais eficientes, como os ETFs.
No entanto, questões tributárias ainda limitam o crescimento. A diferença na forma de tributação entre ETFs de renda fixa e variável, além da falta de isonomia com outras classes de ativos, são apontadas como barreiras que precisam ser superadas.
Papel da regulação e da educação financeira
A adequação dos processos de suitability — que avaliam o perfil do investidor — também é considerada essencial para ampliar o acesso aos ETFs, especialmente os de renda fixa, por parte de investidores conservadores.
O avanço regulatório liderado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e os esforços operacionais da B3 são vistos como fundamentais para destravar o crescimento da indústria.
A educação financeira continua sendo um fator central nesse processo. Embora tecnicamente complexos em sua estrutura interna, os ETFs são produtos relativamente simples para o investidor final.
A falta de uma abordagem didática por parte do mercado tem dificultado a compreensão de seus benefícios. Além disso, a estrutura de incentivos ainda privilegia produtos que oferecem maior remuneração aos distribuidores, o que pode limitar a oferta de ETFs.
Expectativas para o setor
A expectativa é de que, nos próximos anos, o mercado de ETFs no Brasil experimente um crescimento significativo, tanto em volume quanto em diversidade de produtos.
A combinação de avanços regulatórios, maior conscientização dos investidores e o desenvolvimento de novas estratégias por parte dos gestores pode impulsionar essa evolução.
Embora ainda enfrente desafios importantes, o segmento é visto como promissor e com grande potencial para se consolidar como uma das principais alternativas de investimento no país.