Embora o dinheiro seja uma meta a qual todos são estimulados a conquistar, o tema ainda é considerado tabu pela sociedade, sendo uma questão complicada entre amigos, família e, principalmente, no relacionamento amoroso.
Falar sobre finanças é um assunto que causa desconforto e resistência para muitos casais, visto que o dinheiro é uma medida de valor e a condição financeira é tida como status social.
“A grande maioria dos casais não falam sobre dinheiro no início do relacionamento, deixando para debater o tema quando já há algum problema financeiro em jogo. Considerando que a questão econômica é a principal causa de divórcio, um relacionamento começa sem falar de dinheiro e termina, infelizmente, porque o assunto não é falado abertamente”, argumenta Thiago Godoy, head de educação financeira na Rico, plataforma de investimentos da XP Inc.
Tendo em vista que construção de um relacionamento tem como base valores, histórias e sonhos de ambos os lados, o educador, conhecido como “Papai Financeiro” nas redes sociais, evidencia a importância de construir uma vida a dois sem deixar de lado a realização individual de cada cônjuge.
“Ainda que o casal estabeleça um compromisso financeiro com a vida conjugal, é importante respeitar a individualidade de cada um.
Além da contribuição e responsabilidade no todo, é saudável que o casal tenha uma vida financeira individual e coletiva, para que ambos se sintam contemplados e respeitados na relação”, sugere o autor do livro “Emoções Financeiras”, o qual traz a correlação das emoções com o comportamento econômico das famílias.
Para construir uma vida financeira saudável e rentável no relacionamento amoroso, Thiago Godoy elenca, a seguir, quatro conselhos importantes para lidar com as finanças na vida a dois. Confira:
1. Tenha um combinado
Não é novidade que o diálogo é a base de qualquer relação.
Dessa forma, o educador financeiro sugere que o primeiro passo para lidar com as finanças é separar um tempo para conversar sobre o assunto, pelo menos, uma vez ao mês.
“Um conselho importante é estabelecer esse rito de conversa e definir uma visão de futuro que contemple os sonhos, objetivos e prioridades do casal e de cada membro, individualmente. Também é fundamental que essa conversa seja pautada em um planejamento concreto, ou seja, que tenha uma prosperidade envolvida com metas financeiras, investimentos e prazos estabelecidos para cada conquista, além dos valores que cada um vai se comprometer a conquistar”, aconselha.
Segundo Godoy, criar esse hábito traz clareza, transparência e respeito para o relacionamento, bem como para a vida financeira da família. “Quando há um combinado entre os dois lados, eles vão jogar para uma soma”, complementa.
2. Divida as rendas de forma justa
Em muitos relacionamentos, a discrepância da renda pode ser um problema, visto que os salários e fases da vida profissional podem ser diferentes em dado momento.
“Neste caso, não existe uma fórmula exata, mas o que eu recomendo é analisar a renda e entender qual será o percentual de contribuição de cada um. Ou seja, se os dois ganham um salário parecido, faz sentido que o rateio seja dividido meio a meio. Já para os casais que possuem uma diferença significativa de salários, o ideal é que a responsabilidade financeira seja porcentual à quanto cada um ganha”, explica.
Segundo ele, dessa forma, as duas partes contribuem proporcionalmente para os gastos da casa e, ainda sim, conseguem ter um dinheiro para si.
3. Dívidas e crise financeira
Mesmo com planejamento, é muito comum passar por momentos de instabilidade financeira, visto que a economia, os empregos e o mercado de trabalho mudam diariamente.
“Nesse cenário, quando o casal já detém uma reserva financeira, facilita passar pelo período de turbulência. Caso contrário, será necessário elaborar um orçamento de guerra para o período de escassez e exercer a autorresponsabilidade de cada um dentro do todo, encarando e estudando juntos um plano de saída para o problema”, sugere.
Para as dívidas, o educador aconselha elaborar, em conjunto, um plano de quitação, levantando valores, juros e prioridades, mesmo que uma das partes tenha uma parcela maior ou completa no débito.
4. Invista no futuro e poupe no presente
Educação financeira é essencial em todas as fases da vida, sendo importante que o casal tenha um preparo para investir e poupar todos os meses, com o objetivo de assegurar a vida financeira.
“Costumo falar que o dinheiro tem três movimentos, sendo: adquirir, poupar e investir. Ao conquistar uma renda, o primeiro passo é construir uma reserva de emergência, para assegurar momentos de instabilidade e construir uma reserva para investimentos futuros. O dinheiro serve para conquistar coisas e objetivos que sonhamos, não apenas para pagar as contas e viver o dia a dia”, finaliza Thiago.
Sobre Thiago Godoy
Mestre pela Fundação Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/EAESP) e graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Thiago Godoy é educador financeiro na Rico, plataforma de investimentos da XP Inc.
Mineiro, o empreendedor ficou conhecido nas redes sociais como “Papai Financeiro” por compartilhar, de maneira didática e criativa, conteúdos e dicas sobre o universo das finanças.
Em seu novo projeto, o educador, que também é colunista do Portal Infomoney, lança o livro “Emoções Financeiras”, o qual traz a importância da inteligência emocional como alavanca para aprimorar o sucesso financeiro e pessoal.