Em outubro de 2019, o Vaticano sediou o Sínodo para a Amazônia, um evento que reuniu bispos, líderes indígenas, cientistas e ambientalistas para discutir os desafios e as oportunidades da região amazônica.
Convocado pelo Papa Francisco, o sínodo teve como objetivo identificar novos caminhos para a evangelização e promover uma ecologia integral, reconhecendo a interconexão entre a preservação ambiental, a justiça social e o respeito à diversidade cultural.
O Contexto do Sínodo
A convocação do sínodo foi anunciada pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017, durante uma missa especial de canonização de novos santos.
Ele destacou que a crise da floresta amazônica, considerada o pulmão do planeta, afetava especialmente os povos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno. A partir desse momento, a Igreja Católica passou a reconhecer a crise ambiental como uma crise humana e ética, enfatizando a necessidade de ações concretas para proteger a região.
Participação e Diversidade de Vozes
O sínodo contou com a participação de 114 bispos e mais de 50 lideranças indígenas, além de representantes de comunidades amazônicas e mulheres, que desempenharam um papel significativo nos debates.
Essa diversidade de vozes refletiu a intenção de ouvir e integrar as perspectivas dos povos diretamente afetados pelos desafios da região.
Legados e Impactos
Um dos principais legados do sínodo foi a ampliação da visibilidade da Amazônia no cenário global. Especialistas destacaram que a atenção dada pela Igreja Católica à região obrigou líderes mundiais a desenvolver Políticas públicas voltadas à sua proteção.
Além disso, o sínodo resultou na criação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) em junho de 2020, uma iniciativa inédita que reúne episcopados de todos os países que formam o bioma, superando as divisões político-territoriais tradicionais.
Outro avanço significativo foi a introdução do conceito de “pecado ecológico” na doutrina da Igreja, reconhecendo que a destruição da natureza também é uma ofensa a Deus. Essa perspectiva teológica reforça a responsabilidade moral dos indivíduos e das instituições na preservação do meio ambiente.
A Exortação Apostólica “Querida Amazônia”
Em fevereiro de 2020, o Papa Francisco publicou a exortação apostólica “Querida Amazônia”, na qual compartilhou seus “quatro grandes sonhos” para a região: uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, preserve a riqueza cultural, guarde zelosamente sua beleza natural e tenha comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar na região.
Esses princípios orientam as ações da Igreja e de outras instituições comprometidas com o desenvolvimento sustentável e a justiça social na Amazônia.
O Sínodo para a Amazônia representou um marco na história da Igreja Católica, ao colocar a região no centro do debate eclesial e global. Ao integrar questões ambientais, culturais e sociais, o sínodo reforçou a importância de uma abordagem holística para enfrentar os desafios da Amazônia, promovendo um compromisso renovado com a defesa da vida e da dignidade humana.