A rápida evolução das tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA) está promovendo uma reestruturação profunda no mercado de trabalho global.
Segundo o relatório Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial, aproximadamente 22% dos postos de trabalho existentes atualmente devem passar por mudanças estruturais até 2030. A projeção indica a criação de 170 milhões de novas vagas, enquanto cerca de 92 milhões poderão ser extintas.
Brasil ainda enfrenta desafios na adoção estratégica da IA
Apesar do potencial das ferramentas de IA, muitas empresas brasileiras ainda não compreendem plenamente como incorporá-las de forma estratégica.
Países como Estados Unidos, China, Índia e Alemanha lideram os rankings de maturidade digital, enquanto o Brasil busca avançar nesse cenário. Para especialistas, é urgente investir em upskilling (aprimoramento de competências) e reskilling (requalificação para novas funções), tanto entre profissionais quanto nas lideranças.
Miguel Carvalho, coordenador dos cursos de graduação em Tecnologia da Informação da Gran Faculdade, ressalta a importância do uso orientado da IA. “As organizações podem usar a IA para serem mais produtivas e reduzir custos, mas isso exige interação humana para calibrar os modelos por meio do aprendizado de máquina”, afirma.
Aprendizado por reforço depende de interação humana
Carvalho destaca o papel do aprendizado por reforço, uma técnica de machine learning em que sistemas ajustam suas respostas com base em dados e feedbacks sucessivos.
Esse tipo de aprendizado, segundo ele, não substitui a inteligência humana, mas a complementa. “Aceitar passivamente as respostas da IA pode limitar seu potencial. Ela precisa do nosso controle e orientação para evoluir”, adverte.
Expansão do ensino superior e crescimento do EAD
A qualificação técnica tem acompanhado, ainda que de forma desigual, a transformação digital. Dados da PNAD Contínua (IBGE) mostram que, em 2012, apenas 13,5% da força de trabalho brasileira tinha ensino superior completo. Em 2024, esse percentual subiu para 23,9%, impulsionado principalmente pela expansão do ensino a distância (EAD).
De acordo com o Censo da Educação Superior, a participação do EAD nas matrículas de graduação passou de 17% em 2012 para mais de 60% em 2022.
Cursos tecnólogos ganham destaque em cenário de alta demanda
Os cursos tecnólogos, de curta duração e com foco prático, têm atraído jovens e profissionais em transição de carreira.
“Muita gente que antes não tinha acesso ao ensino superior agora consegue estudar com mais autonomia”, comenta Carvalho. A área de tecnologia, em especial, oferece alta empregabilidade, mas ainda sofre com a escassez de profissionais qualificados.
Profissões emergentes exigem preparo técnico e comportamental
A área de Ciência de Dados, por exemplo, tornou-se estratégica nas organizações nos últimos anos, criando espaço para novas funções como analistas, engenheiros e cientistas de dados.
“Tecnologia é o presente e o futuro. O profissional precisa estar preparado para as funções que existem hoje e para as que ainda serão criadas. Isso exige preparo técnico e também desenvolvimento de competências comportamentais”, conclui o especialista.