Em 2025, 86% da energia proveniente de usinas solares centralizadas no Brasil foi direcionada ao mercado livre, segundo dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). O avanço indica que a migração empresarial para o segmento não se limita à busca por redução de custos, mas também envolve compromissos ambientais, metas de descarbonização e políticas de ESG.
De acordo com especialistas, o movimento tende a ganhar força nos próximos anos, quando a abertura do mercado deve alcançar todos os perfis de consumidores. Empresas que desejam se preparar para essa transição precisam, segundo consultores do setor, adotar medidas estruturadas para aprimorar a gestão energética e aumentar a previsibilidade financeira.
Crescimento do mercado reforça mudança no setor elétrico
O executivo Vitor Piva, da Erco Energia, afirma que se antecipar à abertura total do mercado pode garantir competitividade. Ele destaca que organizações que compreendem seu padrão de consumo e utilizam ferramentas de gestão digital já conseguem reduzir gastos e negociar de forma mais estratégica.
Levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta que o número de migrações para o Mercado Livre cresceu 26% no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. No total, mais de 13,8 mil novas unidades consumidoras aderiram ao modelo entre janeiro e junho, com maior presença de pequenas e médias indústrias e empresas do setor de serviços.
Cinco passos para preparar empresas para o Mercado Livre de Energia
Especialistas do setor apontam diretrizes consideradas essenciais para a preparação de empresas interessadas na migração:
1. Mapear o perfil de consumo
A análise do comportamento energético — incluindo picos de demanda, períodos de baixa utilização e impacto de equipamentos específicos — é considerada etapa fundamental. O mapeamento permite prever cenários de economia, reorganizar rotinas produtivas e identificar oportunidades de eficiência.
2. Revisar o contrato atual com a distribuidora
A avaliação de tarifas, encargos e cláusulas contratuais ajuda a identificar cobranças incompatíveis e oferece base para futuras negociações. Auditorias periódicas podem prevenir surpresas na fatura e indicar se o modelo regulado continua vantajoso.
3. Adotar gestão digital e monitoramento contínuo
Ferramentas de monitoramento em tempo real possibilitam identificar picos instantâneos, prever sobrecargas e avaliar o desempenho de equipamentos. Estudos apontam que ajustes operacionais rotineiros, orientados por esse acompanhamento, podem reduzir significativamente os custos de energia.
4. Avaliar a viabilidade da migração
A transição para o mercado livre exige análise técnica, regulatória e financeira, considerando sazonalidade, perfil de risco e exigências normativas. Uma avaliação detalhada ajuda a estimar economia potencial e impactos no fluxo de caixa.
5. Escolher parceiros especializados
Apoio técnico e regulatório especializado contribui para evitar erros, negociar melhores condições contratuais e assegurar que a economia projetada na migração seja efetivamente alcançada.
Energia como ativo estratégico
Para Vitor Piva, a migração bem-sucedida depende sobretudo de uma mudança de visão corporativa. Segundo ele, a energia deve ser tratada como um ativo estratégico e não apenas como despesa operacional, especialmente diante das transformações previstas para o setor elétrico nos próximos anos.




















