Antes de falar da saída de Moro, é importante enfatizar alguns pontos sobre efeitos (catastróficos) de mercado:
O mercado financeiro, exclusivamente o mercado de capitais, seus produtos e preços, flutuam de acordo com expectativas, fatos e, muitas vezes, de boatos que são transmitidos em uma velocidade tão grande quanto a de Bolsonaro, ao trocar seus ministros por exemplo.
Dito isso, podemos entender os pontos nos quais o mercado financeiro brasileiro têm sofrido (e como tem) de diversas formas, não somente pelo fato da crise mundial causado pela COVID-19, mas também pela falta de norte (leia-se credibilidade) com que o governo vem se mostrando desde o início do seu mandato.
E não! Este comentário não é sobre política, porém é impossível neste momento não fazer uma análise econômica, sem comentar os respingos que sobram para nossa fragilizada economia, tão duramente guiada (e que estava indo super bem após as reformas) pela equipe de Paulo Guedes, o último dos moicanos (pilares do governo).
Temporada de balanços se inicia
Nos EUA e EUROPA, os balanços do primeiro trimestre das empresas estão sendo divulgados e não vem sendo nada agradáveis.
Alguns piores que o esperado.
Em comentário, a Coca-Cola informou que suas vendas pelo mundo se reduziram cerca de 25% (Consciência de saúde ou dificuldade das pessoas em comprar?).
No Brasil, os resultados se iniciam agora também, e teremos as análises na próxima semana.
As definições de “Tiro no pé” foram atualizadas
Trazendo um pouco dos reflexos do dia 23 (quinta) que tinha tudo para ser um dia normal e tranquilo, com isolamento social e tudo mais, o índice Bovespa abria em alta de aproximadamente +1,5%, próximos dos 82 mil pontos.
E tudo parecia ir muito bem, até que começam os boatos, vindos a uma velocidade (no meu entender proposital) extraordinária de que Sérgio Moro, um dos pilares de sustentação do governo, estaria pedindo sua demissão.
No meio do pregão, uma notícia deste porte, o vazamento foi proposital e totalmente irresponsável. E claro que o mercado reagiu.
Consequência: Bolsa que estava em alta, fecha em queda de -1,26%, aos 79.673 pontos (com giro financeiro de R$ 24,7 bilhões) e o dólar comercial que já está em níveis estratosféricos, sobe ainda mais, atingindo R$ 5,529 (com alta de 2,22%).
A saída de Sérgio Moro (E o pior ainda estaria por vir…)
A princípio, havíamos vivido somente os boatos, mas nada confirmado. Até que a assessoria de Sérgio Moro agenda uma coletiva as 11 da manhã do dia 24 e bomba! O ex-ministro anuncia sua saída e revela todos os principais motivos, de A a Z, devidamente explicados e certo de que estaria tomando a melhor decisão.
E mais uma pancada no mercado financeiro que quase acionou seu sétimo Circuit Braker (você sabe o que isso significa?) do ano, chegando o índice Bovespa a cair mais de -9%, porém fechando o dia com 75.330,61 pontos, uma queda de -5,45%.
O dólar sentiu também o impacto e fechou com alta de +2,40%, a R$ 5,6614.
O índice do Risco-País (e esse você sabe o que significa?) chegou a bater uma alta de 13% !!!
Ainda nesta semana, o Banco Central sinalizou um possível corte de juros para a reunião do dia 6 de maio, onde o mercado precificou em 0,75bp.
Estamos indo na contramão
Nos EUA, Dow Jones fecha o pregão deste dia 24 em alta de +1,11%,a 23.775,27 pontos, S&P 500 subiu +1,39%, a 2.836,60 pontos; Nasdaq valorizou +1,65% a 8.634,52 pontos.
Vale ressaltar que foi aprovado hoje pela câmara nos EUA um novo pacote de 484 bilhões de dólares para estímulos à economia.
Na Europa se aprovou um pacote de 540 bilhões de euros com a intenção principal de salvar empregos e mais 1,5 tri de euros serão disponibilizados para o pós-covid.
China, Turquia e México sinalizam cortes de juros para estimularem suas economias neste momento também.
Defendendo o indefensável
E no Brasil, seguindo o exemplo de outros países, tentando estimular a economia e o pós-covid, já iniciamos “Desligando o aquecedor da Piscina Olímpica”