Independentemente de onde você atua, já percebeu que a força de trabalho de hoje está evoluindo em um ritmo acelerado como jamais antes visto?
No passado, os princípios operacionais moldaram as organizações industriais para impulsionar a produtividade. Atualmente os líderes estão se concentrando na digitalização para criar vantagem competitiva. A humanização, ou focar nas pessoas e repensar como queremos trabalhar no futuro, é a próxima fronteira.
Nesta jornada de evolução, a atual força de trabalho segue basicamente dois caminhos:
Um deles é a conexão assistida por tecnologia: implantes cerebrais, IA e realidade artificial. O trabalho é mais digital, mais global e mais automatizado do que nunca. O outro caminho leva à conexão orgânica – experiências, empatia, compaixão.
As organizações estão sendo pressionadas a se adaptarem à essas mudanças quase que imediatamente, enquanto equilibram as demandas dos consumidores e as necessidades de negócios.
Estudos recentes apontam que 88% dos executivos acreditam que construir a “organização do futuro” é um dos desafios mais importantes para os negócios, mas, apenas 11% realmente entendem como fazê-lo.
Agora imagine adicionar a este cenário as questões das diversas tecnologias em distintos escritórios e fábricas, com profissionais de diferentes gerações, além de barreiras de idioma e aprendizagem?
Ou seja, qualquer mudança que se planeja fazer, passa pelo desafio de engajar as pessoas e entender cada novo normal.
O momento pós-covid19 em que vivemos está impondo às pessoas uma reflexão profunda sobre suas escolhas e interesses, suas carreiras e causas, seus ritmos e prioridades, enfim, suas vidas. Já não somos mais quem éramos no passado recente.
E aí percebemos a relevância da atuação da área de Recursos Humanos (Gente & Gestão, Desenvolvimento Humano, ou qualquer que seja o nome da área. Alguns sugeririam trocar por Riquezas Humanas).
As equipes de RH têm o desafio de construir as pontes para conciliar esses interesses pessoais e organizacionais. Tem a responsabilidade de capacitar as empresas na era digital de hoje criando um ambiente de trabalho mais impactante ao combinar tecnologia e pessoas para o futuro do trabalho.
As organizações ainda precisam entender como a transformação digital mudará o trabalho e como as diferentes gerações atuarão juntas, inclusive com funções que ainda nem imaginamos que existirão.
Muitas vezes, aqueles que não estão envolvidos diretamente em RH, como CIOs, CFOs e outros executivos de nível C, pensam nos funcionários como “capital humano”. Mas isso está mudando, principalmente agora que os “millenials” estão assumindo cargos de gerência. Eles têm uma visão totalmente diferente do que deve ser uma cultura de local de trabalho e estão muito mais focados nas necessidades pessoais dos indivíduos.
Por isso a gestão da experiência humana se torna fator decisivo para impulsar o desempenho organizacional, afinal as mudanças giram em torno dos seres humanos e de suas expectativas.
É preciso criar uma experiência significativa para os colaboradores abrangendo uma maior compreensão de suas aspirações para conectar o trabalho ao impacto que eles têm, não apenas na organização, mas na sociedade como um todo.
Os gestores de RH podem liderar o movimento de humanização da organização introduzindo novas estratégias e práticas onde as pessoas (e todas as suas implicações humanas) estão no centro das ações e decisões. Mas essa não é uma tarefa de uma área só.
A cultura da empresa é a chave para o crescimento dos colaboradores, seu bem-estar físico e mental, e que impacta a própria empresa.
Se as pessoas se sentem estimuladas em seu local de trabalho, está provado que elas terão um desempenho melhor e se sentirão com interesse real no sucesso de sua empresa.
De acordo com pesquisas recentes da Gallup, as empresas que criam e sustentam uma cultura em que os funcionários prosperam são três vezes mais produtivas do que aquelas que não o fazem. É, portanto, vital fornecer aos times as condições que precisam para fazer seu trabalho da melhor forma possível.
Existem seis princípios que humanizam o trabalho: Empatia, Personalidade e Diversidade, Empoderamento e Cocriação, Conexão.
É necessário sair de um modelo operacional, vertical, de comando e controle para um modelo horizontal com valorização da criatividade, colaboração, confiança e inovação.
É fundamental migrar do tradicional para o moderno, do reativo para o proativo, do unilateral para o plural, do desconectado para o integrado, do mecânico para o humano.
Não importa o quão digitalizadas as funções da empresa se tornem, não importa o quanto a tecnologia contribua para a eficiência, economia de custos ou inovação, os verdadeiros motores do sucesso organizacional são suas pessoas.
Por onde começar?
Há muito a fazer, mas algumas dicas práticas podem mudar significativamente o ambiente e as relações:
Lidere pelo exemplo: pratique interações com os colaboradores diariamente. E lembre-se de seus nomes e use-os. Essas pequenas ações podem ter um impacto profundo.
Incentive os colaboradores a serem abertos uns com os outros e com você: Um ambiente que promove abertura é mais saudável.
Estabeleça canais de comunicação. Seja um ouvinte ativo. As dinâmicas de relação mudaram; é preciso desenhar novos formatos e se adaptar a eles.
Mude o treinamento: Saia da caixa, incentive os colaboradores a assumirem a liderança e sugerirem como pode ser seu próprio desenvolvimento profissional. A soma do entretenimento e educação é a nova tendência em aprendizagem. É melhor aprender quando há diversão.
Demonstre consideração pelo trabalho duro de maneira verbal e concreta.
Organizações que investem em seu pessoal tanto quanto investem em seus clientes, produtos, serviços e marketing descobrirão que seus resultados financeiros serão impactados positivamente.
Às vezes o óbvio precisa ser reforçado: precisamos (re)humanizar e (re)posicionar o (novo) ser humano corporativo.