O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou veementemente a alteração do gênero da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) no visto de entrada nos Estados Unidos. Para Lula, a mudança, que seguiu uma diretriz da administração de Donald Trump, é “abominável” e denunciou a falta de respeito à dignidade humana. O incidente gerou ampla repercussão política e diplomática.
Em evento realizado no Palácio do Planalto, Lula demandou uma postura oficial do Ministério das Relações Exteriores sobre a situação. Ele enfatizou a importância do respeito à identidade de gênero no âmbito internacional: “O Brasil não pode se calar diante de um episódio como esse”, afirmou.
Erika Hilton, uma das primeiras deputadas trans do Brasil, teve seu gênero designado como masculino no visto americano, uma decisão que, de acordo com a parlamentar, é resultado de uma ordem executiva de Trump que permanece vigente na atual administração. Hilton classificou a situação como “transfobia de Estado” e solicitou uma revisão das políticas que levaram a essa decisão, ressaltando que se trata de uma “institucionalização” que nega a identidade de pessoas trans no século XXI.
O ocorrido acontece em um momento sensível nas relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente com o retorno de Trump ao poder, que tem promovido posturas conservadoras em relação a costumes e direitos civis. Embora o Ministério das Relações Exteriores brasileiro ainda não tenha emitido um comunicado oficial, fontes diplomáticas indicam que o Itamaraty está preparando uma nota de protesto a ser enviada à embaixada americana.
Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, manifestaram apoio à deputada e exigiram uma resposta do governo norte-americano, além de medidas reparatórias adequadas.
A declaração de Lula visa reposicionar o Brasil como defensor dos direitos humanos em um contexto internacional desafiador. Esse movimento também ocorre sob crescente pressão de grupos sociais que demandam uma agenda mais inclusiva. O governo brasileiro avalia ainda a possibilidade de ações junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, visando denunciar violações contra a autodeterminação da identidade de gênero.