A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, intensificada pela escalada de tarifas impostas pelo presidente norte-americano, que já chegou a 245%, causou grandes mudanças no comércio global. A reação chinesa agravou a tensão entre as duas maiores economias e impactou diversos países ao redor do mundo, incluindo o Brasil.
A disputa desorganizou cadeias de suprimento, forçou a renegociação de contratos e exigiu que empresas no mundo todo se adaptassem a um cenário de incertezas e custos mais altos.
Brasil enfrenta riscos e oportunidades
Para as empresas brasileiras, a guerra comercial representa tanto riscos quanto oportunidades. Por um lado, houve espaço para ocupar mercados antes dominados por produtos chineses, especialmente no setor de commodities e manufaturas básicas.
Por outro, desafios como alta nos custos, dependência de insumos importados, câmbio instável e dificuldades de adaptação comprometeram os resultados.
No curto prazo, reposicionar estratégias de compra e venda, encontrar novos fornecedores e ajustar margens de lucro deve pressionar ainda mais os negócios, que já enfrentam um ambiente interno marcado por alta carga tributária e burocracia excessiva.
Uma pesquisa conduzida pelo Grupo X, hub de educação empresarial, com 550 pequenos e médios empresários de todo o Brasil, revelou que 63,6% relataram sérios problemas com o fluxo de caixa. A maioria teme que a situação se agrave diante das incertezas do mercado global, intensificadas pela guerra comercial.
O estudo evidencia a preocupação dos empresários com a instabilidade econômica. Muitas dessas empresas não possuem estrutura para lidar com flutuações na cadeia de suprimentos ou com a volatilidade cambial, o que prejudica o planejamento estratégico e financeiro.
Acesso ao crédito é desafio crescente
“O crédito empresarial, que já era um gargalo para o crescimento sustentável, vai ficar ainda mais inacessível diante de um cenário global imprevisível. E a dificuldade em obter financiamento compromete o funcionamento básico das empresas, que muitas vezes precisam escolher entre manter a operação ou investir em inovação”, afirma Jorge Kotz, CEO da empresa.
Com margens de lucro cada vez mais apertadas e menos acesso a capital, os empreendedores são obrigados a adotar estratégias defensivas, priorizando a sobrevivência em detrimento do crescimento.
Ambiente de negócios exige rápida adaptação
A guerra comercial tem reordenado fluxos comerciais e aumentado a sensação de insegurança no ambiente de negócios brasileiro. Segundo Kotz, os empresários enfrentam múltiplos desafios: escassez de crédito, necessidade de adaptação rápida e revisão constante de processos, custos e modelos de negócio.
“Com os efeitos da intensificação da guerra comercial, que logo farão parte da realidade dos empresários brasileiros, serão necessárias competências que nem sempre estão consolidadas, especialmente entre os pequenos empreendedores, que formam a base da economia nacional”, ressalta o executivo.
Capacitação e Políticas públicas são fundamentais
No Brasil, a situação impõe uma necessidade urgente de políticas públicas voltadas para o fortalecimento das empresas, com foco na simplificação do acesso ao crédito, na redução de entraves burocráticos e no estímulo à competitividade.
“Nesse cenário, a capacitação empresarial se torna essencial para que empreendedores possam enfrentar os novos desafios e aproveitar as oportunidades que surgem mesmo em tempos de crise. O momento atual exige adaptação estratégica e visão de longo prazo para reposicionar o país em um cenário comercial internacional em constante transformação”, conclui Kotz.