Poucos temas preocupam tanto as pessoas atualmente do que a gestão de suas finanças. A grande maioria enfrenta dificuldades de manter as contas em dia e não consegue fazer um planejamento para o futuro. Ao mesmo tempo, enxerga os bancos, tradicionais instituições financeiras, como exemplos de burocracia do que efetivamente como soluções para este ponto. Nesse vácuo, as fintechs (anagrama para finanças e tecnologia) surgiram como uma alternativa viável aos consumidores e se consolidam ano a ano graças aos serviços inovadores e, principalmente, eficientes.
Um levantamento do Google reforça esse fenômeno: 71% dos brasileiros afirmam que estão contentes com o trabalho desenvolvido pelas fintechs e apenas 42% admitem o mesmo com os bancos tradicionais. Isso explica, por exemplo, porque três em cada quatro instituições financeiras clássicas em todo o mundo (76%) acreditam que essas empresas são uma ameaça em potencial, segundo pesquisa realizada pela PwC.
Com números positivos, a tendência para 2019 é continuar nessa evolução. O PagSeguro, por exemplo, acaba de adquirir o banco BBN com a intenção de prover mais serviços financeiros. O Nubank lançou sua conta digital gratuita, que promete mexer com o mercado de contas bancárias, o C6Bank já formou sua equipe e o Next segue ampliando sua base de correntistas. As movimentações não param: empresas de maquininha baseadas em smartphones estão surgindo no mercado e novas formas de pagamento devem revolucionar a forma como lidamos com o dinheiro. Em suma: não há lugar no setor financeiro onde não esteja ocorrendo uma grande revolução.
Mais do que duelar e bater de frente com os bancos, a revolução promovida pelas fintechs cresce justamente na possibilidade de aliança entre esses dois players do mercado financeiro – a pesquisa da PwC mostra que 42% das instituições bancárias já fizeram alguma parceria com startups. Enquanto Nubank e PagSeguro adquirem bancos de um lado, Itaú e Bradesco investem em inovação em seus próprios serviços. Afinal, a base instalada dos bancos é muito grande e podem gerar novas fontes de receitas às fintechs – um mercado poderoso demais para ser ignorado.
A questão é saber o que vem pela frente. No mercado B2C, a novidade certamente deve ser no campo do crédito. Esse tópico ainda é muito caro no Brasil e diversas startups podem se aproveitar desse espaço para oferecer crédito de forma inteligente, utilizando tecnologias e novos métodos para calcular o risco. No B2B, espera-se novas formas de pagamento, barateamento de transações financeiras e maior abertura do mercado financeiro nacional, facilitando novos negócios internacionais. Em ambos, contudo, a aposta é na utilização de soluções de Big Data e Inteligência Artificial na elaboração de novos produtos e serviços.
Com o mundo cada vez mais digital, é natural que empresas que trabalham com tecnologia consigam se destacar entre os consumidores. As fintechs cresceram porque automatizaram processos, desburocratizaram o setor e, principalmente, facilitaram a vida das pessoas que suplicavam apoio em suas finanças. Com a posição consolidada, essas empresas podem, daqui para frente, desenvolverem produtos cada vez mais inovadores. Os usuários – e o mercado – agradecem.
Leonardo Dias é CDO e cofundador da Semantix, empresa especializada em Big Data, Inteligência Artificial, Internet das Coisas e Análise de dados. http://semantix.com.br/