A partir de 2026, a Reforma Tributária entrará oficialmente em fase de implementação no Brasil, com previsão de conclusão em 2033, quando todas as empresas deverão estar operando integralmente sob o novo sistema.
A medida prevê a simplificação da cobrança de impostos por meio da criação do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirão cinco tributos: ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins.
Embora a proposta tenha como objetivo reduzir a complexidade do atual sistema tributário, muitas empresas ainda enfrentam dificuldades para compreender as mudanças. Pesquisa da NTT DATA, realizada com mais de 1.600 gestores, revelou que 38% das empresas ainda tentam entender os impactos da reforma e quais áreas precisam de maior atenção para iniciar a adaptação.
Apenas 24% já começaram a implementar ajustes, enquanto 20% reconhecem a necessidade de mudanças, mas não tomaram providências, e 18% estão em fase inicial de planejamento.
Transição longa exige reorganização interna
Um dos principais desafios está no período de transição de sete anos, em que os dois sistemas tributários coexistirão. Essa sobreposição aumenta a complexidade dos processos internos e pode gerar custos adicionais, já que será necessário cumprir as regras antigas enquanto se implementa o novo modelo.
Segundo Diogo Brito, Product Director da NTT DATA, as empresas devem utilizar o período de transição como oportunidade de ajuste. “As adaptações precisam ser pensadas de forma ampla. Isso inclui revisão em sistemas de ERP, reformulação de contratos e novas diretrizes para equipes contábeis, de modo a garantir que as mudanças ocorram sem percalços ao longo da implementação”, destaca.
Split payment muda cobrança de impostos no varejo
Além das mudanças estruturais, a reforma introduzirá o mecanismo de split payment, que será obrigatório no varejo. O sistema prevê a cobrança automática de tributos no momento da transação, com a divisão imediata do pagamento entre o vendedor e o fisco.
A medida busca reduzir atrasos, sonegação e fraudes, além de facilitar os cálculos de contribuição. No entanto, pode impactar o fluxo de caixa das empresas.
“Como a contribuição será feita imediatamente após o pagamento, pode haver redução do capital de giro disponível, caso não haja planejamento alinhado às novas regras”, alerta Brito.
A implementação gradual da Reforma Tributária exigirá das empresas um planejamento estratégico abrangente, que considere não apenas aspectos financeiros, mas também contratuais, processuais e tecnológicos, a fim de minimizar riscos e garantir a conformidade com o novo sistema.
