O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente José Sarney participaram das celebrações pelos 40 anos da redemocratização no Brasil, marcados neste sábado (15). Em declarações públicas, ambos ressaltaram a necessidade de defender a democracia e a solidez das instituições brasileiras.
Lula publicou uma mensagem em seu perfil na rede social X, destacando a importância da data e o papel de Sarney na transição política do país.
“Mais que a posse de um presidente da República, 15 de março de 1985 será lembrado como o dia em que o Brasil marcou o reencontro com a democracia. O presidente José Sarney governou sob a constante ameaça dos saudosos da ditadura, mas com extraordinária habilidade e compromisso político criou as condições para que escrevêssemos a Constituição Cidadã de 1988, e mudássemos a história do Brasil.”
Mais que a posse de um presidente da República, 15 de março de 1985 será lembrado como o dia em que o Brasil marcou o reencontro com a democracia.
— Lula (@LulaOficial) March 15, 2025
O presidente José Sarney governou sob a constante ameaça dos saudosos da ditadura, mas com extraordinária habilidade e compromisso…
O presidente também ressaltou os avanços sociais conquistados no país ao longo dos 40 anos de democracia.
“O Brasil é hoje o país que cresce com inclusão social. Que combate a fome e as desigualdades. Que gera empregos, aumenta a renda e melhora a qualidade de vida das famílias. Que cuida de todos, com um olhar especial para quem mais precisa. Sem a democracia, nada disso seria possível. Por isso, é preciso defendê-la todos os dias daqueles que, ainda hoje, planejam a volta do autoritarismo.”
José Sarney e a solidez das instituições
Em Brasília, José Sarney participou de um seminário sobre os 40 anos da redemocratização, realizado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. Questionado sobre a análise do Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe, Sarney afirmou que as instituições brasileiras demonstraram força para lidar com momentos de crise.
“Acho que esses acontecimentos [tentativa de golpe e atos do 8 de janeiro de 2023] foram extremamente danosos, mas, ao mesmo tempo, repugnados pelo povo brasileiro e por todas as classes.”
O ex-presidente mencionou os desafios enfrentados pelo país desde a redemocratização e a resistência das instituições em diferentes momentos.
“As instituições criadas por nós, durante a transição democrática, foram tão fortes, já atravessaram dois processos de impeachment [de Fernando Collor e de Dilma Rousseff], uma tentativa de mudança do Estado Democrático de Direito, no dia 8 de janeiro, e, agora, livremente, o STF está julgando aqueles que apurar que sejam os culpados.”
Sobre o atual cenário democrático, Sarney afirmou:
“Estamos com as instituições muito fortes, as Forças Armadas, o poder civil, o Congresso, os tribunais, e a sociedade funcionando livremente. Um clima de absoluta liberdade, que conquistamos, o povo brasileiro, através da transição democrática [na década de 1980].”
Ele concluiu sua fala no evento relembrando o processo de redemocratização:
“Hoje, ao olhar o Brasil, vejo como chegamos longe. Nossa democracia amadureceu, está pronta no coração do brasileiro.”
Declarações de autoridades
O evento contou com a participação de outras autoridades, que reforçaram a necessidade da defesa da democracia.
Cármen Lúcia, presidente do TSE
“15 de março é data da maior importância na história do Brasil, para comprovar que a melhor, ou única, opção para viver em liberdade é a democracia.”
A ministra também abordou desafios sociais dentro da democracia:
“Para as mulheres brasileiras, o caminho ainda é longo e a travessia continua com duros percalços […]. Ainda há uma cultura permissiva de negativa de direitos, até direito à vida. Uma mulher é morta no Brasil a cada 6 horas.”
Nelson Jobim, ministro aposentado do STF
“Ódio que hoje inviabiliza o diálogo e é preciso retomarmos a posição dos democratas que não só anunciam que a democracia é grande coisa, que vale a pena, mas os democratas que sabem construir o futuro com desenhos institucionais que viabilizem a liberdade.”
Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais
“É importante homenagear Sarney nos tempos atuais, em que temos de defender a democracia novamente, frente aos que tramaram golpes contra a soberania popular em nosso país.”
Baleia Rossi, presidente do MDB
“Tancredo Neves e José Sarney foram a grande esperança da retomada democrática. Infelizmente, Tancredo faleceu antes de ser empossado. Sarney cumpriu sua missão. Viva a democracia.”
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados
“Podemos celebrar, mas nunca esquecer: a democracia é um bem inegociável. Seguirei usando a carta magna como uma bússola na defesa do Brasil e dos brasileiros.”
Hoje a redemocratização completa 40 anos. Naquele 15 de março de 1985, José Sarney foi o primeiro presidente depois de uma longa ditadura.
— Hugo Motta (@HugoMottaPB) March 15, 2025
Nasci depois desse marco. Carrego a responsabilidade de representar uma geração que tem a democracia como um princípio básico.
Podemos…A TV Senado também fez seu ‘report’ do assunto no X:
#Democracia | O Brasil comemora 40 anos de redemocratização. Em 15 de março de 1985, após 21 anos de ditadura militar, José Sarney tomou posse como presidente da República. Numa série de 5 reportagens, a TV Senado refaz o percurso histórico lento e gradual da abertura democrática pic.twitter.com/i8sStEhBHu
— TV Senado (@tvsenado) March 14, 2025
O significado de 15 de março
O dia 15 de março de 1985 marcou a posse de José Sarney como presidente da República, encerrando oficialmente 21 anos de regime militar e iniciando o período democrático mais longo da história brasileira. Desde então, o Brasil passou por duas transições de impeachment, crises políticas e tentativas de ruptura democrática, mas manteve suas instituições funcionando.
A celebração dos 40 anos da redemocratização reforçou o debate sobre o futuro do país e a necessidade de vigilância constante para a manutenção do regime democrático.