Celebrado em 19 de novembro, o Dia do Empreendedorismo Feminino, instituído pela ONU, reforça o papel das mulheres no desenvolvimento econômico e chama atenção para os desafios que ainda limitam sua presença nos negócios. No Brasil, 10,4 milhões de mulheres empreendem, segundo o Ecommerce Update 2024, um crescimento de 42% em dez anos.
Apesar disso, elas representam apenas 34% dos proprietários de empresas, de acordo com o Sebrae, e continuam enfrentando obstáculos estruturais, como dificuldade de acesso a crédito, acúmulo de responsabilidades familiares e discriminação de gênero.
Nesse cenário, o setor de franquias tem atraído brasileiras que buscam segurança operacional e maior previsibilidade. Processos padronizados, estruturas consolidadas e suporte contínuo ajudam a reduzir riscos, o que favorece mulheres que ainda convivem com cargas desproporcionais dentro e fora do ambiente de trabalho. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), a participação feminina no setor avançou de 46% para 57% em quase uma década.
O movimento se reflete em diferentes trajetórias que mostram como o franchising tem funcionado como porta de entrada para novos negócios e também como mecanismo de superação de barreiras sociais e econômicas.
Da dificuldade de crédito à gestão de três unidades
A fisioterapeuta Tatiane Dantas, franqueada da Espaçolaser, migrou para o franchising após 15 anos com uma clínica própria. Depois de iniciar sua atuação na rede como especialista técnica, tornou-se proprietária de uma unidade em Caieiras (SP) e sócia de outras duas. Antes disso, enfrentou sucessivas negativas de crédito até conseguir financiamento para abrir o negócio em 2024.
Os resultados vieram rapidamente: em 15 dias, superou a meta mensal de vendas, e uma das unidades que assumiu apresentou crescimento superior a 200% em menos de um ano. Tatiane atribui o desempenho à estrutura de suporte do modelo. Ela afirma que o acolhimento e o treinamento oferecidos contribuíram para superar a falta de experiência em gestão.
Preconceito e cobrança constante ainda fazem parte da rotina
Renata Vieira, franqueada do KFC Brasil, iniciou sua jornada em 2015 ao abrir sua primeira unidade da marca. Com formação na área administrativa, mas sem experiência direta na operação de um negócio próprio, encontrou no franchising um caminho para aprender gestão, operação e liderança.
O maior desafio, segundo Renata, foi lidar com o preconceito e a necessidade contínua de provar sua competência em um ambiente majoritariamente masculino. Ela relata episódios envolvendo fornecedores e prestadores de serviço que questionavam sua autoridade. Hoje, busca contratar e desenvolver outras mulheres, considerando as responsabilidades invisíveis que muitas carregam no cotidiano, como cuidados familiares e tarefas domésticas.
Longa jornada, flexibilidade e a construção de uma rede de apoio
Com passagens pelo setor corporativo, Larissa Guimarães e Fernanda Rorato decidiram se unir para empreender e se tornaram franqueadas da Pizza Hut em 2024, por meio da empresa Four Food Brasil. Optaram por uma franquia diante do entendimento de que processos estruturados e modelos validados seriam essenciais para reduzir riscos.
Atualmente, administram nove restaurantes em três estados e preparam a abertura da décima unidade. As empreendedoras afirmam ter alcançado o equilíbrio que buscavam — uma rotina de trabalho intensa, mas com flexibilidade para dedicar tempo à família. O maior desafio, relatam, foi emocional: arriscar o patrimônio acumulado ao longo da vida e assumir responsabilidades diretas em todas as áreas do negócio, que hoje sustenta mais de cem famílias.
Modelo estruturado ajuda a transformar desafios em oportunidades
As histórias mostram que, embora o empreendedorismo feminino continue marcado por desigualdades estruturais, o acesso a redes de apoio e a modelos de negócio sólidos tem contribuído para que mais mulheres ingressem no setor e consolidem trajetórias sustentáveis.
O franchising, ao oferecer suporte operacional, treinamento e processos já testados, tem se apresentado como alternativa relevante para quem busca empreender com menor exposição ao risco, especialmente em um contexto em que mulheres seguem acumulando múltiplas jornadas e enfrentando barreiras de gênero no mercado de trabalho.




















