Em um país onde o acesso à educação de qualidade ainda é desigual e os custos de ensino superior no exterior são proibitivos para a maioria da população, as bolsas de estudo para brasileiros surgem como pontes transformadoras. Elas não só viabilizam sonhos individuais, como também têm impacto direto no desenvolvimento social e econômico do país.
De acordo com dados do Instituto Semesp, apenas 0,5% dos estudantes brasileiros conseguem cursar uma universidade fora do país. A maioria esbarra nas barreiras financeiras, nos trâmites burocráticos ou na falta de informação.
É justamente aí que os programas de bolsas internacionais se tornam tão vitais: eles reduzem drasticamente esses obstáculos e abrem portas para experiências que vão muito além da sala de aula.
Estudar fora representa mais do que apenas uma qualificação no currículo. É viver novas culturas, aprender com metodologias diferentes, desenvolver habilidades linguísticas e ampliar horizontes pessoais e profissionais. Programas de intercâmbio gratuito também têm impacto na autoestima acadêmica do estudante e oferecem networking com professores e colegas de diferentes partes do mundo.
Outro ponto importante é que, muitas vezes, esses bolsistas retornam ao Brasil e contribuem com a inovação, o empreendedorismo e a melhoria de setores-chave, como saúde, Tecnologia, educação e ciência. Ou seja, investir em bolsas de estudo para brasileiros é, em última análise, investir no futuro do próprio país.
Onde brasileiros podem estudar fora de graça?
Embora pareça um privilégio distante, estudar em uma universidade de excelência fora do Brasil com isenção total de custos é uma realidade acessível para quem se prepara bem.
Diversos países oferecem bolsas integrais específicas para brasileiros, cobrindo desde mensalidades até moradia, alimentação e passagens aéreas.
A seguir, conheça algumas regiões do mundo onde estudar fora de graça não só é possível, como incentivado por instituições públicas e privadas:
Europa
A Europa é, sem dúvidas, um dos destinos mais procurados por brasileiros em busca de bolsas de estudo internacionais. E com razão: muitos países europeus mantêm políticas públicas voltadas para a internacionalização do ensino e, consequentemente, oferecem bolsas generosas.
Países em destaque:
Alemanha: com o programa DAAD, oferece bolsas integrais para graduação, mestrado e doutorado;
França: o programa Eiffel e bolsas oferecidas pelas universidades públicas francesas permitem que estudantes brasileiros cursem cursos de pós-graduação sem pagar mensalidades;
Portugal: além do idioma facilitado, universidades como a de Coimbra têm acordos com instituições brasileiras e oferecem bolsas parciais e integrais;
Suécia e Noruega: isenção total de taxas acadêmicas para estudantes internacionais em muitas instituições públicas.
Além das bolsas governamentais, muitas universidades europeias oferecem seus próprios auxílios, que incluem ajuda para moradia, alimentação e até transporte.
América do Norte
Quando se fala em estudar fora de graça, os Estados Unidos e o Canadá geralmente são vistos como destinos caros — mas isso não significa que sejam inacessíveis.
EUA: Universidades como Harvard, Yale, MIT e Stanford mantêm políticas de “need-blind admission” para estudantes internacionais, ou seja, o processo de seleção não leva em conta a condição financeira do candidato. Após aprovado, o estudante pode solicitar auxílio financeiro que pode chegar a cobrir 100% dos custos.
Canadá: O país oferece programas como o Vanier Canada Graduate Scholarships (para doutorado) e bolsas disponibilizadas pelas próprias instituições, como University of British Columbia e McGill University. Há ainda parcerias com o governo brasileiro que facilitam o ingresso de estudantes em instituições canadenses.
Essas bolsas geralmente cobrem tuition, livros, hospedagem e alimentação, além de permitir ao estudante trabalhar legalmente enquanto estuda, o que facilita ainda mais a permanência.
Ásia, Oceania e outras regiões
Apesar de serem menos óbvios como destinos, países da Ásia e da Oceania têm investido fortemente em atrair estudantes internacionais, inclusive brasileiros, como forma de internacionalizar suas instituições e fomentar a pesquisa.
Japão: O governo japonês oferece bolsas integrais através do programa MEXT. A cobertura inclui isenção de taxas universitárias, passagens aéreas, curso de idioma japonês e auxílio mensal.
Coreia do Sul: Com universidades como Seoul National University e programas como o Global Korea Scholarship, brasileiros podem estudar com custos totalmente cobertos.
Austrália e Nova Zelândia: Ambos os países oferecem bolsas através de programas como Australia Awards e New Zealand Scholarships. As bolsas geralmente são voltadas para pós-graduação e incluem apoio completo ao estudante.
Outros países interessantes:
Turquia: bolsas Türkiye Burslari, com cobertura total;
Hungria: programa Stipendium Hungaricum, com vagas anuais para brasileiros.
Quais são os principais tipos de bolsas internacionais?
Ao buscar bolsas de estudo para brasileiros, é essencial entender que há diferentes tipos de auxílio disponíveis — e saber diferenciá-los aumenta suas chances de encontrar uma oportunidade que se encaixe no seu perfil acadêmico e financeiro.
Aqui estão os principais tipos:
Bolsas integrais
Cobrem todos os custos relacionados ao curso, incluindo mensalidades, material didático, acomodação, alimentação, seguro saúde e, em muitos casos, até passagem aérea. São muito competitivas, mas representam uma oportunidade completa.
Bolsas parciais
Oferecem cobertura apenas para uma parte dos custos, como isenção parcial da mensalidade ou auxílio com moradia. Elas são mais comuns e podem ser combinadas com outros auxílios.
Bolsas por mérito
Concedidas com base em desempenho acadêmico, talentos esportivos ou artísticos. Universidades de países como EUA, Reino Unido e Alemanha têm forte tradição nesse tipo de concessão.
Bolsas por necessidade financeira
Essas bolsas avaliam a situação socioeconômica do estudante e destinam-se àqueles que comprovam não ter condições de arcar com os custos dos estudos. Muito comuns em universidades americanas.
Bolsas temáticas ou específicas
São voltadas para áreas do conhecimento estratégicas (como STEM, educação, saúde pública) ou públicos-alvo específicos (como mulheres na ciência, minorias étnicas, ou estudantes de países em desenvolvimento).
Dica: muitas vezes, o estudante pode combinar mais de uma bolsa ou buscar complementos financeiros para cobrir lacunas, como auxílios para moradia ou alimentação.
Programas de intercâmbio gratuito que aceitam brasileiros
Se seu objetivo é estudar fora de graça, os programas de intercâmbio gratuito são uma excelente porta de entrada.
Eles são organizados por governos, instituições internacionais e universidades, e oferecem apoio logístico e financeiro para que estudantes estrangeiros possam estudar temporariamente fora do seu país.
Abaixo estão alguns dos mais conhecidos:
Ciência Sem Fronteiras (Brasil) – atualmente descontinuado
Embora extinto, foi um dos maiores programas brasileiros de envio de estudantes para o exterior. Muitos estudantes ainda buscam modelos similares em outros países.
MEXT (Japão)
O governo japonês oferece bolsas integrais para estudantes brasileiros em cursos técnicos, graduação e pós-graduação, com aulas em japonês e inglês.
Erasmus+ (União Europeia)
Voltado para estudantes de graduação, mestrado e doutorado, permite estudar em mais de um país europeu, com bolsas integrais cobrindo mensalidades e custo de vida.
Santander Universidades
Parcerias com diversas universidades brasileiras e estrangeiras para mobilidade acadêmica, com editais recorrentes e bolsas parciais ou integrais.
Fulbright (EUA)
Voltado para pós-graduação e pesquisa, o programa financia estudantes e pesquisadores brasileiros para estudar ou lecionar nos Estados Unidos.
Programa da Organização dos Estados Americanos (OEA)
Oferece bolsas para estudantes de países-membros em universidades de toda a América Latina e Caribe.
Como funcionam os processos seletivos das bolsas?
Cada bolsa tem seu próprio processo de seleção, mas a maioria segue etapas semelhantes. Entender esse fluxo ajuda a planejar melhor o envio da candidatura e evita erros comuns.
1. Pré-requisitos
Antes de qualquer coisa, verifique se você atende aos critérios exigidos: nível de escolaridade, proficiência no idioma, nota mínima, idade, nacionalidade, entre outros.
2. Documentação
Geralmente inclui histórico escolar, cartas de recomendação, carta de motivação, currículo e certificado de proficiência no idioma (como TOEFL, IELTS, DELF, etc.).
3. Inscrição
O candidato precisa preencher formulários online (ou físicos, em alguns casos), anexar os documentos e enviar dentro do prazo estipulado no edital.
4. Seleção
Algumas bolsas avaliam apenas os documentos enviados; outras incluem provas, entrevistas ou etapas em grupo. Em geral, a carta de motivação e as recomendações têm grande peso.
5. Resultado e aceite
Se aprovado, você receberá uma carta de aceite da universidade ou instituição. Em seguida, começam os trâmites de visto, passagens, acomodação e outros detalhes práticos.
Atenção: respeitar prazos é fundamental. Perder o prazo por um detalhe pode comprometer toda sua candidatura.
Documentos essenciais para aplicar a bolsas de estudo no exterior
Muitas candidaturas são rejeitadas por falhas simples na documentação. A seguir, veja um checklist dos documentos mais comuns exigidos na aplicação para bolsas internacionais:
Documento
Descrição e dicas
Passaporte válido
Deve ter validade de pelo menos 6 meses além da data de retorno prevista
Histórico escolar
Tradução juramentada pode ser exigida. Peça o documento com antecedência
Currículo (CV)
Foque em experiências acadêmicas e extracurriculares relevantes
Carta de motivação
Personalizada para cada bolsa. Deve ser sincera, objetiva e inspiradora
Cartas de recomendação
De professores ou supervisores. Preferencialmente em inglês, assinadas e datadas
Certificados de idioma
TOEFL, IELTS, DELF, ou exames específicos exigidos pela instituição
Portfólio
Para cursos como design, arquitetura, artes. Deve ser bem estruturado
Comprovação financeira
Mesmo com bolsa, algumas universidades pedem garantia de fundos mínimos
Dica prática: crie uma pasta no seu computador (e outra física) para manter tudo organizado. Isso evita imprevistos e facilita o reaproveitamento dos documentos em futuras aplicações.
Dicas práticas para aumentar suas chances
Conseguir uma das bolsas de estudo para brasileiros não é só questão de sorte — é, acima de tudo, preparação estratégica.
Diante da alta concorrência, destacar-se é essencial. Felizmente, existem caminhos comprovados que aumentam (e muito) suas chances de sucesso.
A seguir, você confere dicas práticas e validadas por quem já conquistou bolsas internacionais:
Pesquise com antecedência: idealmente, comece a busca com 1 ano de antecedência. Isso dá tempo para reunir documentos, estudar para exames e montar uma candidatura sólida;
Foque no seu diferencial: o que você já fez (ou quer fazer) que se conecta com os valores da instituição? Sua história precisa fazer sentido;
Evite modelos prontos: use exemplos, fale de suas experiências e escreva com autenticidade;
Domine o idioma exigido: um certificado de proficiência bem acima do mínimo exigido pode ser um diferencial decisivo;
Organize-se: use planilhas ou apps de produtividade para acompanhar prazos, documentos enviados e etapas da candidatura.
Agora vamos explorar, em detalhes, três dos pilares mais relevantes para uma candidatura forte: o currículo, a carta de motivação e as cartas de recomendação.
Construção de um bom currículo acadêmico
Um bom currículo acadêmico é muito mais do que listar notas. Ele mostra sua trajetória, seu engajamento, e como suas experiências até aqui o preparam para a próxima etapa da vida acadêmica.
Pontos importantes para fortalecer o currículo:
Iniciação científica e projetos extracurriculares: mostram engajamento com a pesquisa e com a comunidade acadêmica;
Participações em eventos e cursos: congressos, workshops e cursos livres demonstram proatividade e vontade de aprender;
Voluntariado e trabalhos sociais: atividades não acadêmicas também contam, especialmente quando mostram senso de liderança e responsabilidade social;
Experiência profissional: mesmo estágios ou trabalhos fora da área de estudo podem agregar valor, principalmente se desenvolveram habilidades transferíveis (como comunicação, gestão de tempo, trabalho em equipe).
Dica: use um formato claro e objetivo. Se possível, adote modelos internacionais de CV acadêmico, como o Europass (para Europa) ou resume (para EUA/Canadá).
Redação da carta de motivação
A carta de motivação é o coração da sua candidatura. É onde você mostra, com palavras, por que merece aquela oportunidade. Uma boa carta pode compensar até mesmo pequenas falhas no currículo ou nas notas.
O que sua carta precisa ter:
Introdução envolvente: comece com uma história pessoal, um desafio ou um insight marcante;
Conexão com o curso ou instituição: mostre que você pesquisou sobre a universidade e tem motivos claros para escolhê-la;
Justificativa clara para a bolsa: por que você precisa da bolsa? E como pretende retribuir esse investimento?
Objetivos bem definidos: mostre planos reais para sua carreira acadêmica e profissional;
Tom sincero e objetivo: evite exageros, frases genéricas ou autopromoção forçada.
Importante: revise a carta com calma, peça a opinião de alguém experiente e, se possível, envie para revisão profissional.
As cartas de recomendação funcionam como um “selo de confiança” sobre você. Elas mostram, a partir da visão de terceiros, que você é um candidato comprometido e preparado para o desafio de estudar fora.
Quem pode escrever?
Professores universitários ou coordenadores de curso
Supervisores de estágio ou trabalho
Líderes de projetos sociais ou acadêmicos
O que uma boa carta deve conter:
Relação do recomendador com o candidato
Qualidades observadas no dia a dia (ética, dedicação, iniciativa)
Exemplo concreto de desempenho ou superação
Reforço de que o candidato tem perfil adequado para o curso e o país
Dica para pedir: avise com antecedência, forneça um resumo das suas conquistas e, se possível, envie um modelo-base para facilitar o processo.
Foto: iStockphoto
Bolsas de estudo para brasileiros em destaque atualmente
Para quem quer aplicar em 2024 ou 2025, existem programas com editais abertos ou com chamadas anuais previstas. Muitos deles têm tradição em receber estudantes brasileiros e oferecem suporte completo.
Aqui estão algumas das bolsas mais relevantes no cenário atual:
Programa
País/Região
Nível de estudo
Cobertura
DAAD
Alemanha
Mestrado, Doutorado
Mensalidades, moradia, seguro, passagem
MEXT
Japão
Graduação, Pós
Integral: curso, voo, ajuda mensal
Eiffel Excellence Scholarship
França
Mestrado, Doutorado
Integral: estudos e manutenção
Vanier Canada Graduate
Canadá
Doutorado
50 mil CAD/ano por até 3 anos
Fulbright Brasil
EUA
Mestrado, Doutorado, Pesquisa
Taxas, manutenção, viagem, seguro
Chevening
Reino Unido
Mestrado
Tudo incluso + eventos e rede de contatos
Stipendium Hungaricum
Hungria
Graduação a Doutorado
Cursos, moradia, auxílio financeiro
Australia Awards
Austrália
Pós-graduação
Integral: estudos, passagem, custo de vida
Essas bolsas possuem cronogramas, requisitos e públicos-alvo distintos. Por isso, é fundamental acessar os sites oficiais e acompanhar os editais com regularidade.
Plataformas confiáveis para encontrar bolsas de estudo
Encontrar informações seguras e atualizadas é um passo essencial no processo de candidatura. Felizmente, existem diversas plataformas confiáveis que reúnem oportunidades em tempo real, com filtros por país, curso, idioma e nível de ensino.
LinkedIn: vagas e programas são divulgados por universidades e ex-bolsistas;
Google Alerts: crie alertas com termos como “bolsas de estudo para brasileiros 2024” para receber notificações por e-mail;
Grupos de Facebook e Telegram: comunidades como “Bolsas de Estudo – Intercâmbio” são boas fontes, mas sempre cheque a veracidade.
Dica: prefira fontes oficiais ou recomendadas por instituições confiáveis. Desconfie de promessas muito fáceis ou exigência de pagamentos para “garantir vaga”.
Vale a pena estudar fora com bolsa?
Sim, vale — e por muitos motivos. Conseguir uma bolsa de estudo para brasileiros não significa apenas reduzir custos. Significa abrir portas para uma vivência transformadora, tanto do ponto de vista acadêmico quanto pessoal.
Vantagens acadêmicas e profissionais:
Acesso a instituições de ponta, laboratórios de última geração e professores referência mundial;
Currículo valorizado e mais competitivo no mercado global e brasileiro;
Fluência em outro idioma, networking internacional e visão multicultural.
Ganhos pessoais e culturais:
Autonomia, maturidade e senso de responsabilidade desenvolvidos na prática;
Convivência com culturas diferentes, o que amplia a empatia e a capacidade de adaptação;
Troca de experiências que enriquecem sua visão de mundo e fortalecem a autoconfiança.
“Estudar fora com bolsa me ensinou muito mais do que qualquer sala de aula. Eu cresci como pessoa, me reinventei profissionalmente e voltei com a certeza de que posso transformar minha realidade e a de outros.”
Amanda Ribeiro, bolsista Fulbright nos EUA
Apesar dos desafios — distância da família, choque cultural, exigência acadêmica —, os retornos são amplos e duradouros. Para quem tem coragem e preparo, essa é uma jornada que muda vidas.
Formado em História e Tecnologia de Recursos Humanos. Apaixonado pela escrita, hoje vive o sonho de atuar profissionalmente como Redator de Conteúdo para Web, escrevendo artigos, em diversos nichos e formatos diferentes.
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