O Índice de Consumo das Famílias (ICF) em Belo Horizonte registrou 87,6 pontos em setembro de 2025, segundo análise do núcleo de Pesquisa & Inteligência da Fecomércio MG, aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O resultado representa uma queda de 3,1 pontos em relação ao mês anterior e indica que a confiança das famílias permanece abaixo do nível de satisfação, já que índices inferiores a 100 pontos refletem percepção de insatisfação.
Subíndices mostram cautela no consumo imediato
A retração do índice geral foi impulsionada principalmente pela queda do Nível de Consumo Atual e do Momento para Duráveis.
- O Nível de Consumo Atual recuou 7,7 pontos, atingindo 68,7 pontos, com 53,7% dos entrevistados afirmando que a família está comprando menos do que no ano anterior.
- O Momento para Duráveis caiu para 48,8 pontos, com 75,2% dos consumidores considerando inadequado o momento para aquisição desses bens.
O Acesso ao Crédito também apresentou dificuldades: 40,9% dos consumidores relataram maior dificuldade para obter empréstimos ou crédito para compras a prazo, mantendo o índice geral em 88,5 pontos.
A economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, observa:
“Os dados de setembro mostram um consumidor mais cauteloso. A percepção de que é um mau momento para compras de bens duráveis e a dificuldade de acesso ao crédito influenciam a decisão de adiar gastos maiores.”
Renda e emprego mantêm relativa estabilidade
Apesar da queda nos subíndices de consumo, os indicadores de Emprego Atual e Renda Atual permaneceram próximos do nível de satisfação:
- Emprego Atual: 99,6 pontos, com 29,0% das famílias sentindo-se mais seguras em relação ao ano passado.
- Renda Atual: 98,7 pontos, com 27,2% dos entrevistados relatando aumento de renda familiar.
A Perspectiva Profissional registrou 93,1 pontos, mas 43,2% dos entrevistados acreditam em alguma melhora profissional nos próximos seis meses.
Perspectiva de consumo futura segue otimista
Em contraste com o consumo atual, a Perspectiva de Consumo futura manteve-se otimista, atingindo 115,9 pontos, alta de 0,7 pontos em relação a agosto de 2025 e 11,4 pontos acima do mesmo período de 2024. Cerca de 42,3% dos entrevistados planejam consumir mais nos próximos meses em comparação ao segundo semestre do ano anterior.
Gabriela Martins comenta:
“Observamos um paradoxo interessante: a situação atual de consumo está pior, mas a expectativa para o futuro permanece positiva. Isso mostra que o consumidor de Belo Horizonte deposita esperança na melhoria da economia e da sua situação financeira.”
Diferenças por faixa de renda
A análise por renda evidencia disparidades:
- Acima de 10 salários-mínimos: famílias mais otimistas em todos os subíndices, especialmente na Perspectiva Profissional e Renda Atual, com 61,5% acreditando em melhora profissional.
- Até 10 salários-mínimos: famílias mais insatisfeitas, com índices gerais abaixo de 100; 53,3% não esperam melhora profissional nos próximos seis meses.
Segundo a economista:
“É fundamental notar a diferença entre faixas de renda. Famílias de menor renda são mais impactadas pelo cenário atual, com dificuldade de crédito e menor consumo. Para uma recuperação sólida e inclusiva, políticas econômicas devem focar na melhoria do poder de compra e no acesso a crédito.”