O Brasil gerou 81,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) em 2024, aumento de 0,75% em relação ao ano anterior. Desse total, 76,4 milhões de toneladas (93,7%) foram coletadas e 41,4 milhões (59,7%) tiveram destinação ambientalmente adequada em aterros sanitários. Os dados constam no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, divulgado na noite desta segunda-feira (8) pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).
O volume equivale, em média, a 384 quilos de resíduos por habitante ao ano, ou 1,241 quilo por dia. Embora a destinação inadequada ainda represente 40,3% do total gerado, o índice é ligeiramente melhor que o de 2023, quando 41,5% dos resíduos foram descartados em locais irregulares, como lixões.
Segundo o presidente da Abrema, Pedro Maranhão, mesmo após a proibição formal do descarte irregular, o país ainda convive com quase 3 mil lixões, que representam riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
Reciclagem cresce, mas permanece limitada
Em 2024, cerca de 7,1 milhões de toneladas de resíduos secos foram encaminhadas para reciclagem, o equivalente a 8,7% do total de RSU gerado. Desse volume, 2,5 milhões de toneladas vieram da coleta pública e 4,6 milhões foram obtidas por meio da coleta informal. Aproximadamente metade desse material (52%) foi efetivamente recuperado, enquanto o restante seguiu para disposição final como rejeito.
Reciclagem bioenergética apresenta avanço
Pela primeira vez, o relatório incluiu dados sobre o reaproveitamento de resíduos orgânicos e não recicláveis para geração de energia — somando práticas como produção de biogás, biometano, compostagem e combustível derivado de resíduos (CDR). A metodologia unifica esses processos no conceito de “reciclagem bioenergética”.
Segundo o diretor técnico da Abrema, Antônio Januzzi, a reciclagem bioenergética abrangeu 11,7% dos resíduos gerados, percentual superior ao da reciclagem mecânica de materiais secos (8,7%). Ele afirmou que a inclusão desse indicador segue diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Logística reversa mostra evolução
O panorama também avaliou os 13 sistemas de logística reversa ativos no país, como os de eletrônicos, agrotóxicos, pneus, pilhas, lâmpadas e embalagens. A Abrema aponta avanço no modelo de economia circular, impulsionado pela publicação do Decreto 12.688/2025, conhecido como “Decreto do Plástico”, que ampliará para 14 os materiais submetidos a essas regras.
Municípios pequenos enfrentam maiores obstáculos
Em nota, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) afirmou que municípios com até 50 mil habitantes são os que mais precisam de apoio técnico e financeiro para encerrar lixões e instalar aterros sanitários. A entidade cita dificuldades como alto custo de operação, exigências técnicas da ABNT e falta de áreas adequadas, especialmente na região Norte.
A CNM também destaca que a geração de energia a partir de resíduos só é viável em municípios ou consórcios com mais de 300 mil habitantes e defende que o processo utilize apenas rejeitos, para não prejudicar o trabalho de catadores.
Com informação agência Brasil.





















