O Dia das Crianças consolidou-se como uma das datas mais relevantes para o varejo brasileiro. Em 2024, a data gerou um volume de negócios superior a R$ 13 bilhões no país, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Além do impacto nas vendas, a efeméride representa uma oportunidade para marcas criarem conexões emocionais com crianças e famílias, muitas vezes com o apoio de influenciadores digitais.
Influenciadores fortalecem conexão entre marcas e público infantil
Os criadores de conteúdo têm ganhado papel central na construção de narrativas que geram confiança e identificação.
De acordo com levantamento da YouPix e da Nielsen Holdings, realizado em 2025, 54% dos consumidores afirmam gostar de conhecer os produtos utilizados por seus influenciadores preferidos, e 87% consideram essencial que esses criadores compartilhem valores semelhantes aos seus.
Para Alexsandra Silva, cientista de dados da empresa Air, especializada em marketing de influência, essa conexão vai além da divulgação de produtos.
“Com um olhar voltado para o Dia das Crianças, as histórias contadas pelos influenciadores ajudam as crianças a compreender e nomear sentimentos, contribuindo para seu desenvolvimento emocional. A estratégia das marcas, portanto, não deve se limitar à promoção de vendas, mas buscar construir pontes por meio de conteúdos que educam, divertem e inspiram”, afirma.
Estratégias de atuação para marcas no universo infantil
Especialistas apontam três estágios principais de atuação para empresas que desejam se inserir ou expandir sua presença no território infantil.
- Marcas iniciantes no segmento: para aquelas que ainda não dialogam com esse público, a recomendação é adotar abordagens leves e autênticas, utilizando formatos como reviews, unboxings e conteúdos gerados por usuários em plataformas como YouTube e TikTok. Um exemplo é o criador Yuran Tinta, pai angolano que vive no Brasil e compartilha vivências culturais e familiares com autenticidade, abordando temas como paternidade e identidade.
- Marcas que já interagem com o público: quando já há algum nível de relação com o público infantil, a estratégia deve focar em vínculos emocionais e narrativas lúdicas em redes sociais como Instagram e TikTok. A criadora Ana Farias, professora e entusiasta da educação infantil, exemplifica essa abordagem ao compartilhar a rotina escolar com leveza e criatividade, inspirando famílias e educadores.
- Marcas com atuação consolidada: para empresas que desejam se posicionar de forma consistente e aprofundada, recomenda-se investir em formatos mais longos, como podcasts, webséries e vlogs. O educador e criador Lucas Chinarelli segue essa linha ao abordar temas como educação positiva e vínculos familiares em seu perfil.
Marketing de influência exige responsabilidade no uso da imagem infantil
Com o aumento das ações voltadas ao público infantil, cresce também a necessidade de responsabilidade na comunicação. Especialistas alertam para os cuidados éticos e legais na exposição de crianças em campanhas publicitárias.
“A publicidade infantil exige um cuidado redobrado. A imagem de uma criança não é brincadeira e deve ser usada com responsabilidade, protegendo-a de pressões consumistas. O marketing de influência, quando bem conduzido, pode ser um aliado poderoso, mas exige sensibilidade e compromisso real com o bem-estar infantil”, destaca Alexsandra Silva.
O desafio para marcas e criadores é equilibrar estratégias de engajamento com práticas responsáveis, garantindo que a comunicação com o público infantil seja feita de forma segura e ética.