Um bom salário já não é mais suficiente para atrair os melhores talentos no mercado de trabalho. Pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Icon Talent em agosto de 2025 indica que os benefícios oferecidos pelas empresas se tornaram fator decisivo na hora da contratação, com destaque para a preferência por modelos de trabalho remoto e híbrido.
Resultados da pesquisa
O levantamento entrevistou 231 profissionais das áreas de tecnologia, inovação, administração, finanças e desenvolvimento. Entre eles, 51,2% apontaram o trabalho remoto ou híbrido como o benefício mais valorizado.
Em segundo lugar aparecem planos de saúde e odontológico de alto nível (24,3%). Stock options (compra de ações da empresa) e participação nos lucros ou resultados (19,5%) também foram citados como diferenciais importantes.
Outros itens lembrados foram auxílio-educação (cursos, pós-graduação e idiomas) e cartão de benefícios flexível, ambos com 2,5% das menções.
Segundo Janaina Lima, COO da Icon Talent, o ranking evidencia uma mudança cultural no mercado:
“A flexibilidade e qualidade de vida se consolidam como os principais benefícios, seguidos por planos de saúde completos e pela conexão entre esforço e recompensa proporcionada por stock options e PLR. Já os benefícios educacionais refletem a busca por atualização em um mercado dinâmico, enquanto os cartões flexíveis representam a tendência de personalização.”
Tendências globais
O cenário brasileiro acompanha tendências internacionais. Relatórios da Deloitte e da PwC apontam que mais de 70% dos profissionais em mercados maduros priorizam flexibilidade e bem-estar em detrimento de salários maiores. A consultoria McKinsey destaca ainda que empresas que oferecem stock options e participação nos lucros registram até 30% menos rotatividade.
Outro dado relevante é o crescimento do mercado de benefícios flexíveis na América Latina, que deve movimentar mais de US$ 2 bilhões até 2027.
Principais erros das empresas
A pesquisa também identificou falhas comuns cometidas por organizações na formulação de pacotes de benefícios. Entre elas estão a rigidez dos programas, a oferta de benefícios que não correspondem à realidade dos colaboradores (como estacionamento para quem utiliza Transporte público) e a exclusividade de vantagens voltadas apenas a determinados perfis, como funcionários com família.
A falta de escuta ativa foi outro ponto de destaque: muitas empresas ainda insistem em pacotes padronizados, sem avaliar as reais necessidades dos profissionais.
Para especialistas, o futuro das contratações passa pela personalização. “Flexibilidade, bem-estar e participação nos resultados já são fatores decisivos. Organizações que insistem em pacotes tradicionais correm o risco de perder talentos para concorrentes mais atentos”, conclui Christina Curcio, CEO da Icon Talent.