O programa de incentivo à agricultura familiar Raízes do Vale, no Vale do Jequitinhonha (MG), registra expansão significativa e já alcança 100 hectares de terras cedidas para cultivo agrícola.
A iniciativa beneficia mais de 260 famílias da região, que passaram a plantar culturas como milho, feijão, mandioca, abóbora, melancia, maxixe e andu em áreas integradas às florestas de eucalipto da empresa Aperam BioEnergia.
Iniciado com plantios em novembro de 2023, o programa contabiliza colheitas parciais de 4,7 toneladas de feijão, 3,6 toneladas de milho e uma estimativa de quase 17 toneladas de mandioca, somando mais de 25 toneladas de alimentos até o momento.
Um dos beneficiados é Valto Fróes dos Santos, 61 anos, presidente da Associação das Famílias dos Pequenos Produtores Rurais Quilombolas do Ribeirão Invernada, em Capelinha.
Treze das 38 famílias da comunidade participaram do plantio coletivo e colhem os primeiros resultados. Segundo Fróes, a produção tem gerado alimento e renda para os moradores, além de reduzir a necessidade de migração em busca de trabalho.
“O meu feijão, eu guardei e dividi com a minha família. É um feijão de qualidade. A gente acertou o tempo da colheita”, relata.
Retorno à produção local
Antes do programa, famílias da comunidade enfrentavam dificuldades para desenvolver atividades agrícolas sustentáveis. A baixa produtividade e a falta de apoio técnico desestimulavam os plantios.
Agora, com assistência agronômica, equipamentos de proteção e apoio no preparo do solo, os produtores relatam melhorias expressivas.
Além da produção de grãos, algumas famílias também cultivam cana-de-açúcar e produzem derivados, como rapadura. Para o próximo ciclo de plantio, previsto para o segundo semestre de 2025, 21 associações comunitárias já confirmaram participação. Outras ainda podem aderir.
Cada associação recebe, por meio de comodato, uma área de até cinco hectares para o cultivo. O programa oferece treinamento em segurança no trabalho e fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Incentivo ao desenvolvimento rural
A comerciante Flávia Fernandes, presidente da Associação Quilombola do Distrito de Bom Jesus do Galego, também em Capelinha, destaca os resultados da última safra: cinco sacas de milho e 479 kg de feijão. A expectativa é que a colheita de mandioca, ainda em andamento, também apresente bom desempenho.
Fernandes pretende utilizar os recursos gerados para a construção de uma nova sede para a associação e planeja retomar a produção local de farinha de mandioca, com a criação de uma fábrica comunitária.
Reconhecimento por práticas sustentáveis
O programa Raízes do Vale tem sido reconhecido nacional e internacionalmente por suas práticas de Sustentabilidade. Em 2023, foi destacado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como exemplo de uso sustentável do solo e da água.
Em 2024, recebeu o Selo de Sustentabilidade da Aliança Ambiental Estratégica de Minas Gerais e o Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade, na categoria “Melhor Empresa”.
As ações desenvolvidas no Vale do Jequitinhonha mostram que é possível aliar preservação ambiental, responsabilidade social e geração de renda para comunidades rurais por meio de parcerias entre setor privado e associações locais.