O número de operações de fusões e aquisições no setor de agronegócio caiu 28,57% no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Entre janeiro e junho, foram registradas cinco transações, contra sete no mesmo intervalo de 2024, considerando os segmentos de açúcar/etanol e fertilizantes. Os dados fazem parte de estudo trimestral realizado pela KPMG, que analisa 43 setores da economia.
Desempenho por segmento
Dentro da indústria do agronegócio, o setor de fertilizantes contabilizou quatro operações no primeiro semestre, uma redução de 20% em relação a 2024, quando ocorreram cinco transações.
Já o segmento de açúcar e álcool registrou apenas uma negociação no período, contra duas no ano passado, queda de 50%.
Segundo Alan Riddell, sócio da KPMG, a retração reflete um ambiente de maior cautela por parte dos investidores, influenciado por fatores macroeconômicos e pelo patamar elevado das taxas de juros, que restringem novos investimentos.
Apesar disso, ele destaca que o agronegócio continua atraente para investidores devido à sua importância na produção de alimentos em escala global, à busca por eficiência operacional e ao avanço de práticas sustentáveis.
Segmento | 2024 | 2025 | Variação |
---|---|---|---|
Açúcar e álcool | 2 | 1 | -50% |
Fertilizantes | 5 | 4 | -20% |
Total | 7 | 5 | -28,57% |
Perfil das operações
Das cinco operações realizadas no setor de agronegócio neste ano, quatro foram do tipo CB1, ou seja, estrangeiros adquirindo participação em empresas brasileiras.
A quinta foi do tipo CB2, envolvendo uma companhia nacional comprando participação em empresa estrangeira.
Quadro geral no Brasil
No total, o Brasil registrou 739 operações de fusões e aquisições no primeiro semestre de 2025, uma queda de quase 5% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram realizadas 776 transações.
O levantamento mostra também aumento na participação estrangeira: investidores internacionais adquiriram empresas brasileiras em 199 oportunidades, alta de quase 12% frente às 178 registradas no ano anterior.
As operações em que companhias brasileiras compraram negócios no exterior também cresceram, passando de 47 para 58 no período, avanço de 23%.
De acordo com Paulo Guilherme Coimbra, sócio da KPMG, o cenário geral manteve-se relativamente estável, apesar das incertezas fiscais e geopolíticas.
Ele aponta que o aumento das transações com participação estrangeira ajudou a sustentar o volume de negócios no semestre, enquanto as operações exclusivamente domésticas registraram retração, influenciadas pelas altas de juros e pelas discussões fiscais no país.