Mesmo com as recentes oscilações no fluxo cambial, o interesse de brasileiros por investimentos internacionais continua elevado.
Segundo dados do Banco Central, em janeiro de 2025, o saldo líquido dessas operações registrou déficit de US$ 101 milhões — com saques somando US$ 3,171 bilhões e compras no valor de US$ 3,070 bilhões. Estima-se que mais de 800 mil brasileiros tenham aportado recursos no mercado financeiro norte-americano.
Diferenças entre Investimentos Diretos e Produtos Dolarizados
Adriano Murta, especialista em direito tributário internacional, explica que o movimento de saída de capital pode estar relacionado às exigências e complexidades dos investimentos no exterior, em contraste com a praticidade dos produtos financeiros locais atrelados ao dólar.
Segundo ele, investir diretamente fora do país envolve atenção especial à tributação, regras cambiais e obrigações com a Receita Federal.
Já produtos nacionais dolarizados — como BDRs (Brazilian Depositary Receipts), fundos cambiais e ETFs — oferecem mais facilidade de acesso, embora ainda estejam sujeitos à volatilidade cambial e custos administrativos.
Planejamento Tributário é Fundamental
Murta destaca que ambos os caminhos demandam assessoria especializada. No caso dos investimentos internacionais, é preciso considerar variações cambiais, custos com custódia e o risco de bitributação, já que Brasil e Estados Unidos não possuem acordo nesse sentido.
Uma alternativa comum, segundo ele, é utilizar estruturas como Limited Liability Companies (LLCs) para fins de otimização tributária e proteção patrimonial.
No cenário doméstico, os ativos atrelados ao dólar podem apresentar desafios relacionados à liquidez e à estrutura dos fundos, reforçando a necessidade de análise criteriosa por parte do investidor.
Diversificação Internacional Deve Continuar
A expectativa do mercado financeiro é de que a busca por diversificação internacional continue nos próximos meses. Grandes corretoras recomendam que investidores destinem ao menos 15% de seus portfólios a ativos no exterior, com destaque para aplicações em renda fixa e variável nos Estados Unidos.
Apesar dos entraves fiscais e cambiais, especialistas avaliam que os investimentos internacionais seguem como uma estratégia eficaz para proteger o patrimônio, ampliar a rentabilidade e mitigar riscos associados à instabilidade econômica brasileira.