Em meio à desconfiança em torno da política fiscal do governo Lula (PT), brasileiros têm intensificado a migração do investimento fora do país. O maior acesso aos ativos globais favorece o movimento e contribui com o aumento no fluxo de recursos para contas de investimento internacionais.
Por que é vantajoso investir internacionalmente?
A alocação de parte do patrimônio em ativos internacionais como forma de diversificação da carteira de investimentos é vista com bons olhos pelos analistas. Por isso, eles chamam a atenção também para eventuais excessos.
De acordo com os especialistas, o destino majoritário dos recursos dos brasileiros têm sido os bonds – títulos de renda fixa dos Estados Unidos. Estes estão mais rentáveis com a elevação do juro local. Para 2023, o país já vê uma taxa acima dos 5%.
O percentual ideal de alocação em ativos internacionais certamente vai depender do perfil de cada investidor. De fato, o percentual deve ser mantido ainda por um bom tempo, observa. É preciso também levar em conta a complexidade para realizar o recolhimento de impostos no Brasil sobre os rendimentos obtidos com bonds e questões sucessórias.
Como aplicar dinheiro fora do país?
É importante ressaltar que nem é preciso sair do Brasil para investir no exterior. Além disso, você não precisa ser rico, nem ter muito dinheiro para ter aplicações lá fora.
É possível dividir as opções de investimento no exterior em dois grandes grupos. O primeiro grupo contempla as alternativas que não exigem enviar o dinheiro para fora. No segundo, estão as que demandam, sim, uma transferência internacional.
Dá para começar usando as ferramentas disponíveis em território brasileiro para dolarizar seus investimentos. Você pode acessar esses investimentos pelas plataformas de corretoras locais de sua preferência. Há três maneiras de fazer isso estando no Brasil: BDR, ETF, COE e Fundos de Investimentos. Ou, você pode abrir também uma conta numa corretora e mandar dinheiro para fora para negociar as ações diretamente no país de destino.
Como funciona o investimento fora do país?
Nos BDRs, dependendo da corretora, não tem taxa de corretagem, mas tem spread – risco de liquidez – que varia de 0,5% a 1,5%. No imposto de renda, é cobrado sempre 15% sobre o lucro. Não tem a isenção de R$20 mil como nas ações. Nos Estados Unidos, até US$35 mil é isento.
Nas compras de ações, cada corretora tem um jeito de cobrar, além disso tem que contar o spread cambial e o IOF na hora da remessa de recursos.
Lá fora, acrescente-se, também tem o custo sobre dividendos que varia de 3% a 5% dependendo do valor a ser recebido.
O Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação que é, em geral, de cerca de 4% no Brasil, nos Estados Unidos chega a 40%.
É importante lembrar que para qualquer investimento, o longo prazo é um fator importante de multiplicação do capital. No exterior essa premissa é fundamental. É necessário traçar metas em número de ações e em renda passiva obtida com esses investimentos. Esqueça rentabilidade e variações patrimoniais de curto prazo.
Para ilustrar, a força do investimento no exterior entre 2011 e 2020 o dólar teve uma valorização de cerca 200% (198,2%), com média de ganhos anuais de mais de 11% (11,57%), contra pouco mais de 70% do Ibovespa, da bolsa brasileira (76,61%) e média anual de 5,78%.
Vale lembrar que do final de 2010 a janeiro de 2016 a bolsa caiu mais de 45% por conta de uma jornada de muitas incertezas, crises políticas e fraco desempenho da economia, principalmente entre 2013 e 2016, e enfrentou uma das recessões mais intensas e duradouras entre 2015 e 2016.
É por isso que se faz necessário diversificar e ter investimento em outras moedas para fugir desses riscos do Brasil.
Quais são os riscos de investir no exterior
A expectativa de leve recessão dos Estados Unidos em 2023 é um risco do investimento fora do país. No entanto, há a estratégia do Federal Reserve (banco central norte-americano) de aumentar as taxas de juros do país de forma agressiva.
Ainda existe a necessidade de um aperto monetário ainda maior nas economias europeias diante da manutenção da tendência de alta da inflação na região. Devido aos repasses adicionais da alta dos preços de energia para os preços ao consumidor, por exemplo.
Neste cenário, há a previsão de uma recessão mais profunda na Europa no ano que vem, especialmente por causa das tensões geopolíticas persistentes na Ucrânia.
Na China, por exemplo, a atenção está voltada para as políticas de Covid zero. A persistência de medidas rígidas de lockdown ao longo do ano e os problemas no mercado imobiliário prejudicaram consideravelmente o crescimento econômico do País asiático este ano.