O endividamento das famílias brasileiras voltou a crescer em junho de 2025. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de famílias endividadas subiu de 78,2% em maio para 78,4% em junho.
O levantamento também mostra piora na percepção do problema: 15,9% dos entrevistados se consideram “muito endividados”, contra 15,5% no mês anterior.
Impactos além do orçamento doméstico
A alta do endividamento não se restringe ao ambiente familiar. Pesquisas indicam que o estresse financeiro tem impactos diretos no mercado de trabalho. Segundo a Serasa, 83% dos brasileiros com dívidas relatam dificuldades para dormir e prejuízos à saúde mental.
Esse cenário repercute na produtividade. O 2024 Global Financial Wellbeing Report, da consultoria Nudge, aponta que a sobrecarga financeira pode reduzir a performance em até 25%. Além disso, 52% dos empregadores reconhecem que eliminar esse fator eleva significativamente o engajamento das equipes.
Baixa adesão a programas corporativos
Apesar da relação evidente entre saúde financeira e desempenho profissional, as iniciativas corporativas ainda são limitadas. A última Pesquisa de Benefícios da Aon revelou que apenas 39,1% das empresas oferecem programas estruturados de educação financeira a seus colaboradores.
Alternativas defendidas por especialistas
Especialistas defendem que o bem-estar financeiro deve ser tratado como pauta estratégica de gestão de pessoas, ao lado de iniciativas de retenção e desenvolvimento de talentos. Entre as medidas sugeridas estão programas de educação financeira, incentivos à poupança e à previdência complementar, além de políticas que auxiliem funcionários a sair do ciclo de dívidas.
Benefícios em diferentes prazos
De acordo com analistas, tais iniciativas trazem benefícios em diferentes horizontes. No curto prazo, contribuem para um ambiente de trabalho mais saudável e engajado. No médio prazo, ajudam na retenção de talentos, especialmente entre profissionais qualificados que valorizam segurança e estabilidade. Já no longo prazo, favorecem a criação de uma cultura de planejamento financeiro, com reflexos positivos até a aposentadoria.
Empresas como agentes de transformação
Para especialistas, em um cenário de incertezas econômicas, empresas que adotarem estratégias para mitigar os efeitos do endividamento de seus colaboradores podem não apenas proteger seus resultados, mas também se consolidar como agentes de transformação social.