A balança comercial da China voltou a surpreender os mercados ao registrar um superávit acima das estimativas no último mês, impulsionado principalmente pelo aumento expressivo nas exportações de aço — que atingiram um novo recorde histórico, mesmo em meio ao crescente protecionismo global.
De acordo com dados divulgados pela Trading Economics, o superávit comercial da segunda maior economia do mundo superou as previsões dos analistas, refletindo a resiliência do setor exportador chinês frente a um cenário externo desafiador. O resultado positivo foi puxado, entre outros fatores, pelo desempenho do setor siderúrgico.
Segundo reportagem da Bloomberg, as exportações de aço da China ultrapassaram os 10 milhões de toneladas em junho, número que representa um novo patamar recorde. O feito ocorre em um momento em que diversas economias, incluindo Estados Unidos e União Europeia, impõem tarifas e barreiras ao produto chinês em defesa de suas indústrias locais.
Mesmo assim, os dados demonstram que a China segue expandindo sua presença global no setor, aproveitando a competitividade de preços e a retomada da demanda em países emergentes.
Especialistas apontam que a performance das exportações chinesas reforça a necessidade de novas estratégias diplomáticas e comerciais por parte de seus principais parceiros comerciais, ao mesmo tempo que reacende o debate sobre práticas de dumping e equilíbrio no comércio internacional.
Superávit dos EUA com o Brasil atinge US$ 1,7 bilhão: tarifas de 50% preocupam exportadores brasileiros
A mais recente edição do Monitor do Comércio Brasil-EUA, divulgada pela Amcham Brasil, revelou que o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil atingiu US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025 — um salto de quase 500% em comparação ao mesmo período de 2024.
Apesar do aumento de 7,7% na corrente de comércio bilateral, que totalizou US$ 41,7 bilhões (o segundo maior da série histórica), o relatório alerta para o impacto crescente das tarifas americanas sobre setores estratégicos das exportações brasileiras.
Tarifas de 50% a partir de agosto
A publicação chega em um momento crítico: o governo dos EUA anunciou que elevará para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto. A medida já gera apreensão em cadeias produtivas e exportadores brasileiros.
“Os resultados do primeiro semestre evidenciam a relevância do comércio bilateral para ambas as economias e reforçam a necessidade de buscar uma solução equilibrada e pragmática diante da escalada tarifária”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
EUA ganham espaço nas importações brasileiras
De janeiro a junho de 2025:
- Exportações brasileiras aos EUA: US$ 20 bilhões (+4,4%)
Destaques: carne bovina (+142%), sucos (+74%), café não torrado (+39%), aeronaves (+12,1%) - Importações brasileiras dos EUA: US$ 21,7 bilhões (+11,5%), resultando no superávit recorde de US$ 1,7 bilhão a favor dos EUA
Setores estratégicos já sentem os efeitos das tarifas
Entre os 10 principais produtos brasileiros com queda nas exportações para os EUA, oito estão sujeitos a tarifas adicionais:
- Celulose: -14,9%
- Máquinas e equipamentos: -23,6%
- Manufaturas de madeira: -14,0%
- Motores: -7,6%
- Autopeças: -5,6%
Amcham pede diplomacia urgente
Diante do cenário, a Amcham Brasil – Câmara Americana de Comércio fora dos Estados Unidos – reforça a urgência de um esforço diplomático bilateral para conter a escalada tarifária.
“Estamos diante de um grave cenário que pode inviabilizar boa parte das exportações brasileiras para os EUA. O entendimento deve prevalecer, como sempre caracterizou as relações entre Brasil e Estados Unidos”, conclui Abrão Neto.
Fontes: Trading Economics, Bloomberg e Amcham