O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em entrevista à Reuters que acredita em uma mudança de posição do presidente Donald Trump para revogar as sanções financeiras aplicadas contra ele.
Moraes, que se tornou figura central no embate político-jurídico entre Brasil e Estados Unidos, disse estar confiante de que o tema será resolvido por canais diplomáticos ou, se necessário, em uma eventual contestação judicial nos EUA.
“Uma contestação judicial é possível e ainda não encontrei um advogado ou acadêmico americano ou brasileiro que duvide que os tribunais anulem. Mas, neste momento, escolhi esperar. É uma questão diplomática para o país”, declarou.
O impasse com Trump
As sanções contra Moraes foram anunciadas junto à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em um movimento de Trump que exigia o fim do julgamento de Jair Bolsonaro por suposto plano de golpe de Estado em 2022.
Enquanto Trump classificou o processo como “caça às bruxas”, Moraes ampliou as restrições contra o ex-presidente, incluindo proibições de candidatura e medidas cautelares a seus aliados.
Confiança na diplomacia
O magistrado de 56 anos, conhecido por sua postura firme em decisões polêmicas — como a prisão de manifestantes de direita em 2023 e o embate com Elon Musk sobre regras de redes sociais no Brasil —, afirmou acreditar que as sanções foram resultado de uma campanha articulada por aliados de Bolsonaro nos EUA, especialmente o deputado Eduardo Bolsonaro.
“Uma vez que as informações corretas sejam passadas, acredito que nem será necessário recorrer ao Judiciário. O próprio Executivo norte-americano reverterá”, disse.
Segundo ele, divisões internas no governo dos EUA — com relutância do Departamento de Estado e da área técnica do Tesouro — podem favorecer a reversão das medidas. A Reuters confirmou que houve resistência inicial de técnicos da OFAC (Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros), que consideraram a decisão “legalmente inapropriada”, mas foram sobrepostos por ordens políticas.
Washington rebate
Em resposta, um porta-voz do Tesouro disse que a decisão reflete consenso dentro da administração Trump:
“O Tesouro, a OFAC e todo o governo Trump estão alinhados em que Alexandre de Moraes praticou sérias violações de direitos humanos. Em vez de inventar ficções, ele deveria parar de promover detenções arbitrárias e processos politizados.”
O Departamento de Estado não comentou oficialmente.