Em linha com o esperado pela Nova Futura e além da mediana das expectativas, por 5 votos a 4 (que votaram por 0,25%), o Copom cortou a taxa Selic em 0,50%, de 13,75% para 13,25%.
A projeção de IPCA de 2023 caiu de 5,0% para 4,9% e seguiu em 3,4% em 2024 e em 3,0% em 2025, com o IPCA na meta ao fim do horizonte de política monetária, na contramão das expectativas do boletim Focus, que projetam inflação acima da meta até o fim de 2025.
O Copom caracterizou o ambiente externo como incerto, destacando que a desinflação continua, mas que os núcleos de inflação seguem altos e que há resiliência no mercado de trabalho de vários países, indicando uma perspectiva menos benigna para a desinflação global, apesar de reconhecer o compromisso dos Bancos Centrais em levar a inflação para a meta.
No cenário local, o Copom não mudou a visão de desaceleração da economia e reconheceu a queda nas partes subjacentes da inflação, apesar do nível alto.
O comitê revisou o cenário de riscos: na ponta altista, substituiu a incerteza sobre o arcabouço fiscal e a desanconragem das expectativas pelo risco de que a atividade econômica resiliente leve a uma inflação de serviços mais persistente.
Pelo lado baixista, o comitê retirou os riscos de uma concessão doméstica de crédito mais fraca e de uma queda adicional das commodities, fatores já invalidados nas últimas semanas, pela possibilidade de o aperto monetário sincronizado levar a um processo de desinflação mais rápido.
Na visão do Copom, os efeitos defasados da alta de juros e a queda nas expectativas de inflação após a decisão do CMN deram insumos suficientes para iniciar o ciclo com uma redução de 0,50%, com o comitê sinalizando que a política monetária seguirá restritiva até que haja convergência das expectativas à meta e que a conjuntura demanda serenidade e moderação.
O comitê antecipou uma alta de 0,50% em set/23, considerando-o como apropriado para ajustar do grau de restrição da política monetária.
Apesar do mercado já precificar uma taxa Selic terminal em torno de 9,0%, o comitê deixou em aberto a sinalização sobre o fim do ciclo, condicionando aos desenvolvimentos futuros do cenário de inflação e atividade.
Em nossa visão, a decisão do Copom tem por objetivo readequar o grau de restrição da política monetária, após a queda recente da inflação amplificar o efeito contracionista das elevadas altas de juros domésticas.
No entanto, a afirmação de que 0,5% é o ritmo apropriado, mas que a decisão de set/23 dependerá dos próximos dados, nos fazem crer que um corte de 0,75% é provável.
De forma preliminar, mantivemos nossas projeções de 3 cortes de 0,50% até dez/23, com a taxa Selic fechando o ano em 11,75%, mas reconhecemos que há um viés de baixa.
Mais do que isso, a opção do Copom de deixar em aberto a magnitude do ciclo de cortes nos faz crer que o mercado pode testar uma taxa Selic terminal abaixo de 9,0% nos próximos dias, apesar de não ser nosso cenário-base.