A CNN Brasil apurou que aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmam que ele já estaria psicologicamente preparado para ser preso em regime fechado antes do Natal e cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. A avaliação circula entre lideranças do PL e familiares do ex-presidente, que reconhecem a possibilidade de uma condenação definitiva nas próximas semanas.
Segundo interlocutores, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem confidenciado que o pai é alvo de uma “perseguição política implacável” e que a família se prepara “para o pior cenário”. As discussões internas giram, neste momento, em torno de como será mantida a comunicação com Bolsonaro caso a prisão seja decretada.
Mudanças na articulação política do PL
Com a proibição de contato direto entre Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, as decisões partidárias têm sido mediadas por familiares próximos. Flávio Bolsonaro, por exercer mandato parlamentar e manter livre acesso ao pai, assumiu protagonismo nas articulações. Já Michelle Bolsonaro, embora lidere o PL Mulher e mantenha contato com o marido, tem menor inserção nas negociações políticas.
Nos bastidores do partido, cresce a preocupação com os efeitos dessa limitação sobre a expansão das bancadas no Congresso e nas assembleias estaduais. Dirigentes avaliam que a ausência de Bolsonaro das discussões diretas pode enfraquecer o ritmo de crescimento político do grupo.
Mobilização popular em queda
Análises de aliados apontam que a expectativa de prisão tem reduzido o engajamento popular em torno do ex-presidente. O tema, antes combustível para grandes manifestações, hoje gera menos mobilização entre apoiadores, que já enxergam a medida como algo provável.
Julgamento no STF
Enquanto isso, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal inicia nesta sexta-feira (7) o julgamento dos recursos apresentados por Jair Bolsonaro e outros seis acusados no chamado “núcleo 1” do caso que investiga tentativa de golpe de Estado.
A sessão, em formato virtual, começou às 11h e se estenderá até a próxima sexta (14). Com a saída do ministro Luiz Fux, o colegiado é composto por Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino.
A defesa do ex-presidente sustenta que houve “erros e injustiças” no processo, questionando a credibilidade das provas baseadas na delação do tenente-coronel Mauro Cid e alegando cerceamento de defesa. Também pede a revisão da dosimetria da pena e da aplicação do concurso material de crimes.
Caso os recursos sejam rejeitados — o que, segundo fontes próximas ao Supremo, deve ocorrer por unanimidade —, o processo poderá transitar em julgado, abrindo caminho para o início da execução penal e eventual prisão do ex-presidente ainda neste ano.
Contexto político
O cenário de incerteza jurídica reacendeu debates internos no PL sobre a sucessão de liderança e o futuro político da direita no país. Mesmo sob pressão, aliados afirmam que Bolsonaro pretende manter a retórica de resistência e que o partido continuará atuando para preservar sua influência nacional.



















