A semana de 14 a 18 de agosto foi marcada por um estresse no mercado norte-americano de juros, afetando principalmente os títulos com vencimento de 10 e 30 anos.
Por não haver ainda uma definição de quando o movimento de aperto do FED cessará, o mercado começou a discutir os patamares de equilíbrio dos juros dos Estados Unidos, e isso afetou a Bolsa de Valores brasileira.
Pedro Marinho Coutinho, sócio e Head de Renda Variável da The Hill Capital, consultoria financeira, aponta que as ações da Bolsa de Valores tiveram uma sequência de quedas muito forte na semana passada, o que culminou numa desvalorização do Ibovespa.
“Os Estados Unidos estão com um PIB forte e ainda lidando com a inflação, e com isso, o mercado ainda está indeciso sobre até onde vai essa alta de juros. É um cenário novo para aquele país, assim como também para a Europa, e vemos o mercado tentando entender qual seria os juros de equilíbrio”, indica Pedro.
Ele explica que os juros nos Estados Unidos estão oscilando entre 5,25% e 5,50%.
“A questão fiscal americana, o rebaixamento de rating e leilões importantes da dívida deles trouxeram essa volatilidade e mexeram bastante com as expectativas do mercado”, aponta.
Na próxima sexta-feira, dia 25, começa o simpósio anual do Fed, com duração de 3 dias, onde se reúnem os Bancos Centrais mundiais, em Jackson Hole, no estado do Wyoming, que será focado em mudanças estruturais.
“O pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Fed, é muito importante para definir os rumos do mercado”, diz Pedro.
O especialista aponta que o Brasil tem alguns desafios a serem enfrentados, como a reforma ministerial e a aprovação do arcabouço fiscal, que deve passar por definições ainda esta semana sobre quais modificações serão acatadas.
Segundo ele, ainda assim a Bolsa de Valores no Brasil está muito barata, com diversos setores sub-precificados, trabalhando abaixo de níveis históricos, e não é preciso perder o otimismo.
O compasso de espera sobre o pronunciamento do Presidente do Fed deve manter o mercado nacional em alerta e os caminhos a serem seguidos devem ficar mais claros a partir da próxima semana.
Além disso, a repercussão sobre as medidas de estímulos na China deve continuar a influenciar o humor dos mercados.