A Apple anunciou nesta quarta-feira, durante evento na Casa Branca, um investimento adicional de US$ 100 bilhões nos Estados Unidos em seu programa de manufatura interna, elevando o total comprometido para US$ 600 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. O consórcio também ampliou o plano de contratação de 20.000 novos colaboradores nos EUA, com foco em pesquisa, desenvolvimento, engenharia de silício, software, IA e aprendizado de máquinas.
“Os engenheiros da Apple trabalham em estreita colaboração com fornecedores nos Estados Unidos para criar chips de silício que estão na vanguarda da inovação”, disse Sabih Khan, diretor de operações da Apple. “Estamos comprometidos em apoiar os fornecedores dos EUA envolvidos em todas as etapas principais do processo de fabricação de chips – desde os estágios iniciais de pesquisa e desenvolvimento até a fabricação e embalagem finais. Queremos que os Estados Unidos liderem neste setor crítico e estamos expandindo nossos esforços para desenvolver um ecossistema de fabricação de silício que beneficiará inovadores em toda a América.”
Mas afinal, o que pode justificar esse investimento extra?
Essa não é a primeira vez que a Apple faz esse tipo de anúncio. Em 2021, sob o governo de Joe Biden, a empresa já havia apresentado um plano de US$ 430 bilhões para investimentos nos EUA ao longo de cinco anos. Parte desse plano envolvia novas construções, como um centro de engenharia na Carolina do Norte, e outras iniciativas já em andamento, como o campus de US$ 1 bilhão em Austin, Texas.
No contexto político-econômico, o anúncio foi feito diante de tensões comerciais — Trump havia criticado a Apple por buscar produção em países como Índia e anunciou tarifas adicionais sobre produtos indianos. A iniciativa da Apple, portanto, também representa uma resposta diplomática que combina compromissos econômicos com pressão política. Os principais destaques do anúncio foram:
American Manufacturing Program (AMP)
A nova fase da iniciativa, chamada American Manufacturing Program, visa fortalecer a cadeia de suprimentos dos EUA, com parcerias estratégicas com empresas como Corning, Coherent, GlobalWafers, Applied Materials, Texas Instruments, Samsung, GlobalFoundries, Amkor e Broadcom
Além disso, foi anunciado que toda a cobertura de vidro dos iPhones e Apple Watches passará a ser produzida nos EUA, especificamente em instalações da Corning, em Kentucky
Parcerias-chave e expansão tecnológica
A Apple continuará trabalhando com parceiros domésticos para criar uma cadeia de produção de silício completa nos EUA. Um exemplo é a produção de sensores de imagem avançados em parceria com a Samsung, na fábrica de semicondutores de Austin, Texas.
Motivações e impacto nos mercados
Para especialistas, o anúncio foi interpretado como uma jogada estratégica para reduzir os impactos tarifários e reforçar laços com a agenda “America First” da administração Trump. A ação teve efeitos imediatos: as ações da Apple subiram mais de 5%.