O agronegócio é o setor menos afetado pelo coronavírus. Representando 25% do PIB brasileiro, apesar do cenário instalado pela pandemia, o horizonte é positivo, com a manutenção da produção e mais vantagens para exportadores do que para aqueles que comercializam no mercado interno.
A opinião é do professor da FECAP e especialista na área José Luiz Tejon Megido.
Segundo Tejon, o campo não para, mas o setor assistirá em 2020 a uma diminuição dos negócios no “pós-porteira” das fazendas. “Estamos colhendo a maior safra de grãos da história. Somos os maiores produtores do mundo de laranja e inicia agora a colheita do café.
Temos também a cana de açúcar. O campo, ‘o antes da porteira’, seguirá firme em sua produção”.
Para o especialista, a batalha do produtor agro de mercado interno é contra a guerra de desinformações e bloqueio de fluxos e estradas pelas cidades do Brasil.
“O agronegócio é essencial, devendo manter todos os fornecedores atuando. Da mesma forma as cooperativas, que reúnem mais de um milhão de famílias produtoras e respondem por cerca da metade de toda a produção agropecuária”, opina.
Outro ponto a ser destacado é que a queda do preço do petróleo afeta a velocidade da adoção dos biocombustíveis, o que pode prejudicar produtos como o biodiesel e o etanol brasileiros.
No entanto, o professor visualiza crescimento do cooperativismo e investimentos apoiando o empreendedorismo de produtores rurais, principalmente nos países em desenvolvimento e mais pobres.
“Vamos ver um fortalecimento da ciência e tecnologia, do antes da porteira, com suporte e apoio aos micros e pequenos produtores mundiais. A retomada do pós-porteira deve ocorrer em 2021”, opina.
Com a paralisação de indústrias chinesas e indianas, o Brasil pode sofrer problemas de acesso a insumos, visto que temos dependências de produtos químicos e fertilizantes para as lavouras.
Por outro lado, como o coronavírus nasceu em um mercado de alimentos com condições sanitárias ruins, o Brasil sai na frente por possuir rigorosos controles sanitários. Se provarmos isso ao mundo, o País pode aumentar o acesso à nossa produção.
“Da mesma forma, poderemos vender tecnologia, pois somos o único país no planeta que domina o conhecimento da produção de alimentos no cinturão tropical do globo. São grandes as oportunidades.
O agroexportador tem ótimas perspectivas e precisa manter a cadeia estruturada funcionando, com os caminhoneiros trabalhando e os portos funcionando”, finaliza.