O alto volume de remessas de dinheiro que os cidadãos do Brasil emitem e recebem do exterior cria um cenário de muitas possibilidades para fraudes. O economista Carlo Barbieri, presidente da maior consultoria de investimentos para brasileiros nos EUA, o Oxford Group, acredita que este maior trânsito de remessas também deve aumentar a ocorrência de fraudes e estimular a procura por serviço cambial especializado e confiável.
O Banco Central (BC) registrou que, em agosto último, houve a maior quantia de dinheiro remetido do exterior para o Brasil desde 2010, em comparação com o mesmo mês dos anos anteriores. Foram US$ 290 milhões enviados para território verde e amarelo, com cerca de 25% desse valor referente a dólares oriundos dos EUA, país mais participativo nesse quesito. Em todo o ano, o País já recebeu US$ 1,91 bilhão em transferências pessoais do exterior.
Quando o assunto é envio de dinheiro para outros países, os EUA também lideram as opções dos brasileiros. Em 2019, conforme as estatísticas divulgadas pelo BC, dos US$ 1,38 bilhão emitidos para o exterior, US$ 301 milhões foram para contas norte-americanas, o que equivale a quase 22% do total.
“São grandes valores movimentados e muitas vezes quem está nos EUA enviando para parentes, ou, no Brasil, recebendo não se atenta para a complexidade de uma operação dessas. Já vimos operações policiais sobre esse assunto, então todo cuidado é pouco. Contar com o serviço e orientação especializados pode evitar prejuízos”, salienta Carlo Barbieri que cita corretoras como a Fair USA como opção segura.
Em agosto deste ano, por exemplo, a Polícia Federal deflagrou a Operação Masqué, em que, junto à Receita e ao Ministério Público Federal, investigou fraudes em 1.178 contratos irregulares de câmbio. O valor somado do prejuízo superou US$ 100 milhões. Essa ação não foi isolada e serviu como desdobramento de outras operações policiais de cunho parecido realizadas entre 2009 e 2010.
Dólar Imigrante
Aumentou o número de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. A comunidade ‘made in brazil’ que reside no país norte americano já está mais integrada que a maioria dos outros imigrantes, é mais qualificada e ganha melhor, muitas vezes, que os próprios americanos nativos. É o que revelou um estudo feito por pesquisadores brasileiros e divulgado em 2017.
“Quando alguém faz o caminho correto de se mudar para outro país, com ajuda de consultorias especializadas, o sucesso desse imigrante na empreitada garante que ele esteja mais propenso a enviar dinheiro para quem ficou na sua terra. O sucesso dos brasileiros aqui nos Estados Unidos também injeta dólares no Brasil, o que é algo bastante positivo”, explica, Carlo.
Os dados compõem o livro “Brasileiros nos Estados Unidos: Meio Século Refazendo a América (1960-2010)” lançado em 2017 por Álvaro de Castro e Lima e Alanni Barbosa de Castro. No estudo, os pesquisadores reuniram informações do censo norte-americano (American Community Survey) de 2014, os mais atuais disponíveis, na publicação, e do Itamaraty. De acordo com o levantamento, os brasileiros nos Estados Unidos têm maior nível educacional que a média de todos os imigrantes, sendo que 46% têm ensino médio completo e superior incompleto e 30% são graduados no ensino superior, contra 35% e 23% dos demais.
No quesito renda, os brasileiros também se destacaram. Nas regiões com maior concentração de nascidos no Brasil, a renda domiciliar média varia de US$ 75.632 na Califórnia a US$ 42.534 em Massachusetts. Nova York-Nova Jersey e a Flórida registram níveis de renda de US$ 56.472 e US$ 48.707, respectivamente. Enquanto os trabalhadores brasileiros recebem anualmente US$ 45.379 e os trabalhadores imigrantes de outras nacionalidades têm salários de US$ 37.312, os nativos recebem cerca de US$ 50.421 anuais.
Brazil ‘Making America Great Again’
A nova relação comercial Brasil x EUA foi comprovada também pelo Mapa Bilateral de Investimentos, desenvolvido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O estudo revela que entre 2008 e 2017, a presença de companhias brasileiras que anunciaram abertura de operações nos EUA, o chamado greenfield investment, atingiu a marca de 138 projetos apresentados por 84 grandes conglomerados. Isso representou 11.340 mil postos de trabalhos gerados.
Esse movimento não foi feito apenas por titãs do mercado. O Itamaraty divulgou que já existem mais de 9 mil brasileiros empreendedores nos EUA, o que fez disparar a emissão de vistos de imigração para cidadãos do Brasil e aumentar a quantidade de processos de vistos para investidores, os chamados EB-5.
Em 2018, foram emitidos 4.300 vistos de imigração para cidadãos do Brasil – um aumento de 74% em relação a 2015, quando houve 2.478 vistos concedidos, segundo o Departamento de Estado americano. Já para os brasileiros que buscaram investir em negócios nos Estados Unidos, os dados do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA mostram que o número de vistos EB-5 emitidos para Brasileiros em 2018 foi de 388, contra 34 registrados em 2015 e apenas 11 contemplados em 2011.
“Esta nova relação comercial entre os países favorece o movimento dos dois lados. Nós também orientamos americanos que querem iniciar operações no Brasil e vemos um aumento de interesse geral por esse intercâmbio econômico”, destaca Barbieri.
*Carlo Barbieri é analista político e economista. Com mais de 30 anos de experiência nos Estados Unidos, é Presidente do Grupo Oxford, a maior empresa de consultoria brasileira nos EUA. Consultor, jornalista, analista político, palestrante e educador. Formado em Economia e Direito com mais de 60 cursos de especialização no Brasil e no exterior.