No dia 02 de agosto, ocorreu o evento Agrofintech em São Paulo. Promovido pela FAS advogados, em parceria com o DLL, abordando temas sobre a tecnologia financeira dentro do agronegócio.
“A ideia do evento é juntar as grandes forças do Brasil, o agronegócio e a prestação de serviços financeiros. O Brasil é campeão no agronegócio e isso não é surpresa para ninguém, mas os modelos de serviços financeiros, nossas fintechs e nossa tecnologia é modelo para o mundo inteiro”, explicou Vicente Piccoli M. Braga, sócio do FAS advogados e organizador do evento.
“Essas duas áreas começaram a se encontrar nos dois últimos anos, começaram a surgir vários projetos, sempre com o mesmo propósito, trazer a tecnologia para o agronegócio com essa pegada de serviços financeiros”, acrescentou.
O papel da tecnologia na oferta de crédito
O tema do painel 1 foi “O papel da tecnologia na oferta de crédito”, tendo Vicente Braga do FAS Advogados como moderador; Valeria Bonadio co-fundadora e CCO na AgroLend; Gabriel Motomura, sócio no BTG Pactual; Bruno Lund CEO e CIO na Ecoagro e Paulo Rocha, diretor de crédito e cobrança do DLL.
Valeria Bonadio falou sobre os desafios do pequeno e médio produtor para conseguir crédito e como a AgroLend fez para chegar nesse público através da revenda de insumos.
Já Gabriel Motomura, expôs a posição do BTG Pactual no agronegócio e sobre os desafios da tecnologia no agro. Além disso, ele comentou que teve que haver um investimento em plataformas para chegar no produtor, ou seja, usando imagens de satélite para avaliar a área da colheita e colher dados assertivos.
Bruno Lund falou sobre a importância do monitoramento da colheita para ter certeza de que o produto está sendo entregue no lugar combinado, e que isso vai além da tecnologia. Lund, ressaltou que o crédito do agro é bem mais complexo do que os tradicionais.
Para fechar a discussão do painel 1, Paulo Rocha, comentou sobre como os produtores começaram a se adaptar a tecnologias disponíveis para o agro, incluindo também as questões de sustentabilidade.
Tecnologia, crédito e informação no agro
Em entrevista para a Revista Capital Econômico, Valeria Bonadio explicou sobre o cenário atual das agrofintechs e dos pequenos e médios produtores.
Ao ser questionada sobre a falta de informação e crédito para os pequenos produtores, a CCO disse que existe um mal atendimento das grandes instituições, em primeiro lugar porque falta oferta de crédito para o público do agro, e por isso, tem espaço para quem está começando trabalhar nesse mercado, como é o caso da AgroLend.
“Falta muito mais crédito e um entendimento de com quem você está trabalhando, não adianta você colocar uma tecnologia de ponta para uma população que precisa do básico, ela precisa de crédito e ela vem adquirindo esse crédito diretamente das revendas dos insumos”, afirmou Bonadio.
A diretora comentou que é um avanço grande pois a sua empresa consegue conceder crédito de 3 a 4 dias, sem burocracia de documentos, o que antes levava de 30 a 45 dias para um produtor rural conseguir.
Em resumo, Valéria salientou que na sua opinião falta mais um entendimento das instituições sobre entender quem é o seu cliente final, do que falta de informação.
Oportunidades da tokenização de ativos
No painel 2, o tema foi “Oportunidades da tokenização de ativos”. Aor Suriz, legal counsel do DLL, esteve como moderador. Anderson Nacaxe, country manager da Agrotoken; Braz Peres Neto, sócio e conselheiro do Agroapp e Mateus Carrijo, sócio e chief marketing officer da Nagro, foram os painelistas convidados.
Anderson explanou sobre as questões da tokenização de commodities agrícolas e como funciona esse ecossistema.
Em seguida, Mateus Carrijo apontou sobre os negócios da Nagro que conecta empresas e produtores rurais em sua plataforma, onde já foram analisados 120 bilhões de crédito.
Para finalizar esse tema, Braz Peres contou sua experiência no agro e suas percepções desde o campo até a questão do blockchain, fazendo análises sobre as tecnologias atuais, além de expor as oportunidades de negócios no agro.
Insurtech no agronegócio
O painel 3 foi para falar do seguro na área do agro, ou seja, sobre as insurtechs. Esta discussão foi moderada por Felipe Bastos, sócio de seguros e resseguros do FAS Advogados.
Presentes como painelistas: Gabriel Lemos, head de seguros agrícolas no BTG Pactual; Roberto Ferreira, diretor técnico da DLL Corretora de Seguros e Majory Imai, chief executive officer na Cyan Agroanalytics.
Gabriel Lemos, explicou sobre as questões do seguro segundo o BTG e como se dá a negociação com o cliente do agro, e pontuou que em geral o seguro olha cada safra individualmente, enquanto o produtor acompanha o calendário do plantio para ter um bom retorno, por isso ainda existem algumas questões a serem resolvidas sobre o as insurtechs.
Já Roberto Ferreira, falou sobre as frustrações do produtor rural que depende do seguro para cobrir perdas inesperadas. Para ele, para o seguro de lavoura crescer é preciso ter mais política pública e investir para que os agricultores tenham mais acessibilidade.
Para finalizar a discussão desse tema, Majory Imai apresentou a proposta da Cyan Agroanalytics sobre o monitoramento do clima, que impacta o agro, pois afeta diretamente a produtividade agrícola, pois o clima responde a 50% da produção.