Conciliar o aumento da produção de alimentos com a redução da área destinada ao cultivo e à pecuária será um dos principais desafios em debate na COP30, que acontece em Belém entre 10 e 21 de novembro. A questão é estratégica para a segurança alimentar global, diante de uma população que se aproxima dos 8 bilhões de habitantes, e para a redução dos impactos ambientais.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a agricultura é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa e está entre os principais vetores de desmatamento nas regiões tropicais. O setor também enfrenta safras cada vez mais instáveis devido ao desequilíbrio climático.
Agricultura precisa de um novo modelo
Para André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), será necessário repensar o modelo produtivo atual.
“A agricultura é um setor que sofre riscos, é fundamental para a humanidade e precisará se reinventar, trazendo a natureza para dentro do sistema produtivo. Hoje, o modelo vigente exclui a natureza e desmata para plantar, mas o futuro certamente não será nesse formato”, afirma. “Precisamos pensar em arranjos de paisagem que permitam maior resiliência para a agricultura do futuro”
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária foi responsável pela emissão de 631 milhões de toneladas de CO₂ em 2023, cerca de 27% das emissões nacionais. Já as mudanças no uso da terra, frequentemente associadas à abertura de novas áreas para pastagens ou lavouras, responderam por 1 bilhão de toneladas no mesmo período — liderando a lista de fontes emissoras no Brasil.
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária foi responsável pela emissão de 631 milhões de toneladas de CO₂ em 2023, cerca de 27% das emissões nacionais.
Já as mudanças no uso da terra, frequentemente associadas à abertura de novas áreas para pastagens ou lavouras, responderam por 1 bilhão de toneladas no mesmo período — liderando a lista de fontes emissoras no Brasil.
Desmatamento legal na mira
Em carta publicada na Nature, André Guimarães e Paulo Moutinho, pesquisador-sênior do IPAM, defendem medidas para ampliar áreas protegidas na Floresta Amazônica.
Entre as ações sugeridas estão o investimento em assistência técnica para pequenos agricultores — que ocupam cerca de 20 milhões de hectares — e o apoio a projetos como o Conserv, que remunera produtores pela preservação de áreas que poderiam ser legalmente desmatadas. Estima-se que até 10 milhões de hectares na Amazônia poderiam ser mantidos com esse tipo de iniciativa.
“Um dos principais desafios da agenda climática dos próximos anos é justamente reverter o processo de desmatamento, recuperando e conservando florestas — e fazer isso com mais produção. Isso exige investimento em Tecnologia e recuperação florestal”, comenta André. “Parte do desafio climático do planeta é incluir a natureza no sistema produtivo e financiar a regeneração da vegetação nativa”.