O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, assinado nesta sexta-feira (6), pode injetar R$ 37 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil até 2044, além de elevar as exportações em R$ 52,1 bilhões e reduzir os preços ao consumidor em 0,56%, segundo projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O pacto eliminará tarifas de 97% dos bens industriais e 77% dos produtos agrícolas exportados ao bloco europeu, além de beneficiar setores estratégicos como o automotivo e excluir do acordo compras do Sistema Único de Saúde (SUS), o que garante a proteção à indústria nacional.
Com um volume de transações comerciais que ultrapassou R$ 90 bilhões em 2023, a União Europeia já ocupa a posição de segundo maior parceiro comercial do Brasil.
“O acordo Mercosul-União Europeia é um divisor de águas para o comércio exterior brasileiro. Ele não apenas facilita o acesso ao mercado europeu, um dos mais exigentes e lucrativos do mundo, como também promove a competitividade da indústria nacional ao incentivar investimentos e inovação tecnológica. A eliminação de tarifas sobre produtos industriais e agrícolas abre oportunidades para que o Brasil amplie sua participação em cadeias globais de valor, reduzindo a dependência de commodities e fortalecendo setores com maior valor agregado, como o automotivo e a indústria de transformação”, comenta Sandro Marin, especialista em comércio exterior com mais de 20 anos de experiência e diretor da Tek Trade, uma das principais empresas do setor.
Ainda assim, o especialista alerta para os desafios regulatórios e industriais que o Brasil enfrentará para maximizar os benefícios do acordo.
“Embora o acordo Mercosul-União Europeia representa uma oportunidade histórica, ele também traz desafios significativos para o Brasil. Será necessário adequar a infraestrutura logística para atender à crescente demanda de exportações, política da legislação tributária a fim de manter a competitividade internacional e, principalmente, investir na capacitação da força de trabalho e na adaptação tecnológica das indústrias. Sem essas ações, o país corre o risco de não aproveitar todo o potencial do pacto e de enfrentar dificuldades para competir em pé de igualdade com outros players globais”, alerta Marin.