O empreendedorismo social tem o objetivo de promover cidadania e autonomia financeira, aliando propósito e inovação. Apesar de visar o resultado do negócio, o foco é também promover ações que beneficiem direta ou indiretamente a sociedade, especialmente a população de baixa renda.
O webinar Arena de Ideias desta quinta-feira (1º) trouxe o tema “O papel transformador do empreendedorismo de impacto social” e debateu os conceitos, tendências e oportunidades da modalidade, que está em plena expansão no país.
“Observamos que, ao longo do ano passado, numa pesquisa que a gente fez nas redes sociais, o volume de inserções e interações sobre os assuntos de empreendedorismo social cresceu muito.
Isso é muito significativo para mostrar que, num momento de escassez que a pandemia nos impõe, há uma expectativa grande de uma transformação da sociedade”, afirma a diretora-executiva da In Press Oficina, Liliane Pinheiro.
Por se tratar de uma tendência recente, o presidente do Instituto Legado de Empreendedorismo Social, TEDx Speaker e autor do livro “A Era do Impacto”, James Marins, explica que é muito comum a confusão entre empreendedorismo social e filantropia.
Segundo ele, os dois modelos podem se complementar e a essência de ambos é trazer benefícios para a sociedade, seja através da doação ou de um modelo de negócios que visa não apenas o lucro, mas principalmente o impacto social.
“O empreendedorismo social é uma linguagem de aproximação entre o mercado e a filantropia, no qual o objetivo é resolver problemas sociais sem abrir mão da necessidade do lucro. Por ser uma linguagem nova pode haver um ponto de confusão. Quando a gente fala filantropia empreendedora estamos mudando a forma como se faz filantropia no Brasil e no mundo”, enfatiza.
Diante desse universo de crescimento do empreendedorismo de impacto social, a diretora-executiva da Artemísia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil, Maure Pessanha, ressalta que os desafios são inúmeros. Mas diz que é possível gerar lucro e ao mesmo tempo ter impacto social.
“Com o amadurecimento do tema no Brasil vimos que é possível. Tem seus desafios, mas é muito possível, principalmente quando a gente pensa que esses negócios desenvolvem produtos e serviços que endereçam a uma dor dos clientes, que são em situação de vulnerabilidade ou de menor renda”, revela.
Tendências de empreendedorismo de impacto social nos pós-pandemia
A última edição do Mapa de Negócios de Impacto Social+Ambiental, cujo objetivo é acompanhar a evolução do pipeline de negócios de impacto socioambiental no Brasil, indicou os setores de tecnologia verde, cidadania, educação e saúde como as áreas de maior impacto e oportunidades de crescimento no país.
“As tendências estão relacionadas aos desafios. O mundo vai ganhar um bilhão de pessoas na próxima década, segundo as projeções. Uma tendência é desenvolver soluções em saúde. Vamos ter um problema enorme com as doenças que deixaram de ser atendidas pela Covid-19, mas tem um gap gigantesco para prevenção e atenção primária à saúde. E ainda qualificação profissional, habitação e soluções emocionais”, destaca Maure.
Para James Marins, outras tendências que estarão em alta no empreendedorismo social nos próximos anos já estavam presentes antes da crise sanitária, mas foram aceleradas durante a pandemia e seguirão em alta.
Muitas delas estão relacionadas às questões de gênero, raciais e cívicas, impulsionadas especialmente pela mudança geracional da sociedade.
“Outro campo que está crescendo é o das iniciativas de conquistas cívicas, de questões de gênero e empreendedorismo feminino. E o aumento de causas cívicas que estão transformando a sociedade. O Mee Too, o BLM, movimentos relativos à consciência negra e inclusão. E muitos se constituindo sob forma de negócios”.