Na última segunda (8), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas à Lava Jato.
A partir dessa decisão, Lula recupera direitos políticos e pode se tornar candidato nas próximas eleições. A Procuradoria Geral da República deve entrar com recurso contra a decisão de Fachin assim que for notificada oficialmente da decisão.
Com a decisão de Fachin, o dólar bateu o patamar de R$ 5,80 na segunda-feira (8), após saltar 2,08% no dia. Nesta terça, às 12h45, a moeda subia 0,42%, vendida a R$ 5,8029. Na máxima, chegou a R$ 5,8744. A Bolsa, por sua vez, desvalorizou 3,98% durante o pregão, fechando a sessão na segunda (8) com 110.611,58 pontos. Nesta terça, subiu 1,34% chegando a 112.125, às 12h50.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, os primeiros impactos da decisão de Fachin são sentidos no dólar. “Essa alta do dólar pode aumentar a expectativa de que o Banco Central eleve ainda mais a taxa de juros, além de impactar na inflação”, diz.
“O Lula candidato pode ser que seja diferente do Lula presidente e tem sido assim em praticamente em toda nossa democracia depois da ditadura, em que o candidato é diferente do presidente. Mas geralmente quando você vira presidente você precisa do mercado ao seu lado, e não só o mercado financeiro, como também, os investidores, dinheiro estrangeiro, porque isso te ajuda a ter um crescimento sustentável”, diz Beck.
Além da insegurança em si que a decisão de Fachin gerou no mercado, a avaliação é que a elegibilidade de Lula aumente o risco de uma política fiscal expansionista e intervencionista. “As manifestações mais extremas do ex-presidente na ocasião do impeachment de sua sucessora e também no processo da Lava Jato provocam receios de uma política mais extremista”, completa Beck.
Sobre o autor
João Beck é especialista em investimentos e um dos sócios da BRA, um dos maiores escritórios credenciados da XP, com mais de 15 mil clientes e cerca de R$ 2,5 bilhões de ativos sob custódia com escritórios no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo.
Graduado em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, começou a carreira com vivência em bancos como Itaú, Bradesco e HSBC, instituição da qual saiu para começar uma carreira mais focada em investimentos.
Em 2008, perdeu R$ 1 milhão que havia investido, e, quando trabalhou na Icap, maior corretora do mundo, chegou a morar na favela da Gardênia Azul, no Rio de Janeiro. Passou por corretoras como Ágora, Gradual Investimentos, TOV até chegar na XP Investimentos, onde atuou antes de se tornar sócio do escritório de investimentos BRA. Hoje, ultrapassou o valor perdido em 2008, se tornou empreendedor e é referência no mercado de investimentos.