O modelo de cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) no Brasil tornou-se mais conservador e deve manter a conta de luz pressionada em 2026, mesmo diante da previsão de um ciclo hidrológico mais favorável no início do ano. A avaliação é de especialistas do setor elétrico, que apontam maior sensibilidade do sistema a riscos de escassez hídrica.
Segundo análises de mercado, o novo comportamento do PLD aumenta a probabilidade de permanência de bandeiras tarifárias mais caras por períodos prolongados, o que pode impactar os consumidores residenciais e empresariais.
Projeções de reajuste nas tarifas
Estudo da TR Soluções projeta que as tarifas de consumidores residenciais devem subir, em média, 8% em 2026, considerando a média ponderada das 51 distribuidoras do país. As maiores altas estimadas concentram-se nas regiões Sul e Sudeste, ambas com 9,5%. Para o Centro-Oeste, o reajuste previsto é de 6,7%; no Norte, 7,6%; e no Nordeste, 4,4%.
A expectativa ocorre após um 2025 já marcado por elevação dos custos. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que as tarifas residenciais acumularam alta média de 7% ao longo do ano, pressionadas pelo aumento de encargos setoriais e pelo orçamento recorde da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que alcançou R$ 49 bilhões.
Bandeiras devem aliviar no início do ano
Especialistas projetam que, com a maior geração hidráulica esperada entre janeiro e abril de 2026, o país deve registrar predominância de bandeira verde nesse período.
A situação, porém, tende a se alterar a partir de maio, com o início do período seco. A menor afluência aos reservatórios eleva o uso de fontes mais caras e aumenta a chance de adoção das bandeiras amarela e vermelha ao longo do segundo semestre.
Menor sobra estrutural de energia
As análises também apontam que 2026 deve ser operado com menor sobra estrutural de energia, o que reduz a margem de segurança do sistema elétrico. Nesse cenário, variações hidrológicas podem elevar os preços com maior rapidez, reforçando a volatilidade tarifária.
Mercado livre e fontes renováveis ganham espaço
Com tarifas elevadas e maior incerteza de preços, cresce a busca por previsibilidade no setor elétrico. Estudos da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) indicam que, entre 2010 e 2024, as tarifas do mercado regulado subiram 177%, variação superior à inflação do período. No mercado livre, o aumento foi significativamente menor.
Para consumidores corporativos, a possibilidade de contratação no mercado livre é vista como mecanismo de gestão de custos e previsibilidade orçamentária.
Entre consumidores residenciais e Pequenos negócios, ampliam-se alternativas vinculadas a fontes renováveis, como modelos coletivos ou por assinatura, que não exigem necessariamente a instalação própria de sistemas de geração.
Abertura gradual do mercado
O setor elétrico brasileiro passa por um processo de mudança regulatória. Desde 2024, consumidores de média tensão podem migrar para o mercado livre, e seguem em discussão as regras para permitir a participação de consumidores residenciais a partir de 2026. A expectativa é de que a maior concorrência contribua para um ambiente mais previsível e competitivo.




















