Em 2023, o Brasil registrou 732.751 acidentes de trabalho, o equivalente a 83,7 casos por hora, segundo o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT), publicado pela Previdência Social. Os números reforçam a importância de consolidar a segurança como valor organizacional, indo além do cumprimento de normas e envolvendo todos os trabalhadores — incluindo terceirizados — em práticas preventivas.
Segurança como valor corporativo
De acordo com Rafaela Lucena, sócia da área de Soluções em Recursos Humanos da consultoria Bernhoeft, quando a segurança é tratada como valor, ela passa a fazer parte do cotidiano. Isso envolve iniciativas como treinamentos recorrentes, integração de novos colaboradores com foco em segurança e acompanhamento constante de indicadores, incluindo riscos psicossociais.
Corresponsabilidade sobre terceirizados
A integração entre segurança e gestão de terceiros é apontada como um ponto crítico. Bruno Santos, sócio e diretor de Gestão de Terceiros da Bernhoeft, destaca que a empresa contratante também pode ser corresponsável em caso de acidentes. Por isso, ele defende o monitoramento desde a homologação de fornecedores até o cumprimento de exames e treinamentos, além de auditorias em campo e ações de prevenção conjuntas.
Tecnologia apoia rotina de conformidade
Ferramentas digitais e inteligência artificial têm sido utilizadas para automatizar etapas da gestão de documentos e conformidade. Segundo Santos, soluções desse tipo contribuem para reduzir falhas e tornar a análise mais ágil e preditiva, combinando automação com revisão técnica especializada.
Governança e cultura organizacional
Para Rafaela Lucena, a integração entre RH e gestão de terceiros fortalece a governança e amplia a cultura de segurança para toda a cadeia. Esse alinhamento, afirma, contribui para reduzir passivos trabalhistas e reforçar compromissos associados a práticas ambientais, sociais e de governança (ESG).
Indicadores ajudam a medir a maturidade
O uso de dados e indicadores é apontado como fundamental para avaliar o grau de maturidade em segurança. Entre os principais estão as taxas de frequência e gravidade de acidentes, o absenteísmo relacionado à saúde ocupacional e registros no eSocial, como os eventos S-2210 (Comunicação de Acidente), S-2220 (Monitoramento da Saúde do Trabalhador) e S-2240 (Condições Ambientais do Trabalho).
Impactos na produtividade e no clima organizacional
Ambientes com maior risco tendem a apresentar índices elevados de absenteísmo e turnover, especialmente em áreas operacionais. Já empresas que desenvolvem uma cultura consistente de segurança costumam registrar maior engajamento dos trabalhadores em comitês, campanhas e treinamentos.
Ao final, os especialistas reforçam que a segurança no trabalho depende de integração e responsabilidade compartilhada. A atuação coordenada entre RH e gestão de terceiros, afirmam, contribui para proteger pessoas, fortalecer a reputação institucional e garantir a sustentabilidade dos negócios.



















