As micro, pequenas e médias empresas (PMEs) desempenham papel central na economia brasileira. Das 21 milhões de companhias ativas no país, cerca de 99% pertencem a esse segmento, responsável por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados do Mapa de Empresas do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP). Nesse contexto, iniciativas de incentivo, como o programa Nova Indústria Brasil (NIB), ganham relevância ao buscar aumentar a competitividade e modernizar a estrutura produtiva nacional.
Relevância econômica das PMEs
As PMEs são essenciais para a geração de empregos, inovação e desenvolvimento regional. Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), baseado em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), micro e pequenas empresas foram responsáveis por cerca de seis em cada dez vagas formais criadas no país em 2024.
Apesar disso, muitas dessas organizações ainda não exploram todo seu potencial, especialmente no setor industrial, e enfrentam dificuldades para disputar espaço com grandes corporações. O NIB surge como ferramenta para reduzir esse desequilíbrio e estimular o protagonismo dessas empresas no processo de reindustrialização.
Estrutura e metas do Nova Indústria Brasil
Lançado em janeiro de 2024, o programa busca impulsionar o setor industrial até 2033. A estratégia envolve subsídios, financiamentos com juros reduzidos, investimentos federais, incentivos tributários e fundos especiais. As ações são coordenadas por entidades como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
O NIB prevê R$ 3,4 trilhões em investimentos até 2033, sendo R$ 1,2 trilhão oriundos do setor público e R$ 2,2 trilhões da iniciativa privada. Os recursos estão organizados em seis áreas estratégicas: agroindústria e segurança alimentar; saúde; infraestrutura e saneamento; transformação digital e produtividade; bioeconomia e transição energética; e defesa e soberania nacionais.
Entre as metas estabelecidas estão a digitalização de 90% das empresas industriais brasileiras e o aumento da participação nacional na produção de tecnologias avançadas. O programa distribui linhas de crédito especiais, recursos não reembolsáveis e incentivos regulatórios, além de fortalecer políticas públicas voltadas ao conteúdo local em compras governamentais.
Um ano após a implementação, a Pesquisa Industrial Mensal (PIM – Brasil) registrou crescimento de 3,1% na produção industrial e aumento da geração de empregos no setor. Embora a indústria opere 2,8% acima do nível pré-pandemia, o país ainda enfrenta desafios para recuperar o pico histórico de 2011.
Oportunidades para PMEs
O NIB se apresenta como oportunidade para modernização das PMEs industriais, seja pela atualização de maquinário, digitalização de processos ou fortalecimento da estrutura organizacional. As iniciativas abrangem apoio à inovação, estímulo à exportação e projetos voltados à sustentabilidade.
Hoje, micro e pequenas empresas já representam 22,5% do PIB industrial, aproximando-se do índice das médias empresas, de 24,5%. Juntas, respondem por quase metade da produção industrial nacional. Diante desse cenário, entidades representativas do setor têm papel fundamental para garantir que as PMEs acessem recursos e desenvolvam estratégias de crescimento.
O programa também incorpora medidas de desburocratização para melhorar o ambiente de negócios, com 41 projetos previstos — 17 deles com execução até 2026 — sob coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
Perspectivas e desafios
Até março deste ano, o programa já contabilizava mais de R$ 470 bilhões investidos em 168 mil projetos ligados às suas seis áreas estratégicas. A expectativa é que o NIB amplie a cultura de inovação no setor industrial, elevando a produtividade e fortalecendo a capacidade competitiva das empresas brasileiras.
Embora iniciativas desse tipo facilitem o acesso a Tecnologia e financiamento, muitos empreendimentos ainda enfrentam dúvidas sobre a utilização dos mecanismos de incentivo. Por esse motivo, especialistas defendem que orientações técnicas e assessoria especializada possam contribuir para o aproveitamento adequado das oportunidades.
O programa representa uma resposta aos desafios globais, marcados pela corrida tecnológica e pela necessidade de uma economia mais sustentável. Para ampliar a complexidade industrial do país, a difusão dessas políticas entre as PMEs será decisiva para impulsionar um crescimento mais inovador, competitivo e alinhado às demandas do mercado internacional.























