A poucos dias da Black Friday, marcada para 28 de novembro, parte do setor industrial brasileiro vive um cenário mais contido do que o previsto. Na indústria de embalagens de papelão, apesar dos indicadores positivos divulgados pela Empapel, o movimento observado pelas empresas aponta para maior prudência e sinais de desaceleração.
Indicadores crescem, mas ritmo diário recua
De acordo com o Boletim Estatístico Mensal da Empapel, o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) registrou alta de 3,0% em setembro na comparação anual, alcançando 163,4 pontos — o maior patamar da série histórica para o mês.
A expedição de caixas, chapas e acessórios também foi recorde, somando 367 mil toneladas. Apesar disso, o volume por dia útil caiu 4,9%, em razão da diferença no número de dias úteis entre 2024 e 2025. Para as indústrias, porém, o recuo técnico é apenas um dos elementos de um quadro mais complexo.
Termômetro econômico aponta desaceleração inesperada
Considerada um dos principais indicadores antecedentes do consumo, a indústria de papelão ondulado costuma antecipar movimentos de mercado. Em 2025, entretanto, esse comportamento se mostrou atípico.
Segundo Eduardo Mazurkyewistz, co-CEO do Grupo Mazurky, o aquecimento tradicional que precede a Black Friday não ocorreu. “Observamos uma desaceleração perceptível no consumo. Isso impacta diretamente o ritmo de produção”, afirma.
Cautela diante de juros altos e incerteza econômica
Normalmente, o setor projeta aumento de até 15% na produção no período que antecede a Black Friday, além do crescimento natural do ano. No entanto, em 2025, a combinação de juros elevados, instabilidade econômica e mudanças nas estratégias de compra e estocagem das empresas resultou em um cenário mais conservador.
“Os empresários precisam decidir muito antes da demanda aparecer: quanto produzir, quanto estocar e quanto arriscar. Com juros altos e um ambiente econômico incerto, vemos uma postura muito mais cautelosa”, avalia Mazurkyewistz.
Com o setor acumulando queda de 0,5% no ano, cresce a preocupação justamente no momento em que o varejo costuma intensificar seus preparativos para a Black Friday e o Natal. “Se estamos vendendo bem, é porque alguém está produzindo, embalando e colocando mercadorias no mercado. Neste ano, porém, o ritmo não acompanhou o esperado”, afirma o executivo.
Perspectivas para 2026
Para o Grupo Mazurky, o comportamento do mercado no início de 2026 será decisivo para identificar se a desaceleração é passageira ou o início de um ciclo mais longo. “Seguimos atentos, ajustando estratégias e aguardando sinais mais claros da economia”, conclui.




















