De acordo com análise da Firjan sobre o gás natural, principal fonte de energia para a indústria, há uma expectativa de redução de até 20% no preço do gás vendido pela Petrobras para as distribuidoras do estado do Rio nos próximos meses. No entanto, essa expectativa pode ser frustrada, segundo a Federação, já que há pouca transparência no valor pago pelo consumo do produto.
O custo do gás da Petrobras é responsável por mais de 60% da tarifa final da indústria, em média. Os aumentos ocorridos em 2018, fruto de indignação de todo o setor produtivo nacional, acumularam alta de 50% no estado do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, uma situação semelhante aconteceu. Lá os reajustes ordinários são anuais e, após anúncio de aumento de 33%, negociações foram realizadas que culminaram na redução deste valor para 23% e reavaliação futura, fruto de um acordo entre a distribuidora Comgás e a agência reguladora estadual (Arsesp – Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo).
Porém, no Rio de Janeiro, qualquer discussão sobre reavaliação dos aumentos é bloqueada com justificativa de ser um repasse contratual. O contrato em questão, entre a Petrobras e a CEG e CEG Rio, é pouco transparente com a sociedade, já que suas cláusulas não são públicas. Apenas se sabe que o custo do gás acompanha as variações de cotações internacionais de óleos combustíveis e taxa de câmbio do dólar.
Não sendo transparente a fórmula de preço, a análise fica restrita a inferir os movimentos esperados de acordo com o comportamento de outros produtos vendidos pela Petrobras e que também acompanham o mercado internacional. No caso, a Gasolina A, o Diesel e o Óleo Combustível A1 (OCA1) apresentaram comportamentos semelhantes, pico de alta acumulada em torno de setembro e outubro de 2018 e posterior queda contínua, vide Gráfico 1.
Gráfico 1. Variação mensal acumulada de preços de combustíveis no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil (Fonte: ANP e Agenersa, fev/19)
Enquanto isso, o preço do gás, que possui uma defasagem de atualização, dado que seus reajustes são trimestrais, seguiu trajetória contínua de aumento, finalizando o ano em valor muito superior ao maior aumento acumulado observado no ano, o do óleo combustível A1.
No último quadrimestre de 2018, os preços da Gasolina A, do Diesel, do OCA1 e do Câmbio caíram 18%, 20%, 14% e 5%, respectivamente. Sabendo que há uma defasagem nos ajustes do preço do gás da Petrobras, pois o mesmo é atualizado trimestralmente, é esperado que neste ano ocorra redução de até 20%, retornando à patamares de julho-agosto de 2018.