A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos apresenta um panorama que, em termos de balanço de comércio exterior, não diverge substancialmente de administrações passadas, sejam elas republicanas ou democratas. Isso porque os Estados Unidos historicamente adotam uma postura econômica e comercial pragmática, focada em garantir sua competitividade global e proteger seus interesses estratégicos.
A política de tarifas protecionistas e a busca por acordos bilaterais reforçam a tendência de priorizar negociações que mantenham o país em uma posição favorável, na maioria das vezes, independente da ideologia política.
Para o Brasil, parceiro relevante em exportações, especialmente no setor do agronegócio, a manutenção da política comercial com os EUA implica em uma continuidade das trocas de commodities, que integram a pauta de exportações.
“Os EUA compram do Brasil uma grande variedade de produtos, como bebidas, cacau e derivados, café, carnes de origem bovina, ave e suína, cereais e farinhas, especiarias, complexo soja, que inclui farelo, óleo e grãos, complexo sucroalcooleiro como o açúcar e o etanol, além de couros e peles, fibras têxteis, frutas, incluindo castanhas, fumo, lácteos, pescados, produtos apícolas, florestais e hortícolas, ração animal, sucos e outros”, destaca Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua no segmento de cestas básicas há mais de 20 anos.
Para o especialista, o posicionamento do Brasil e do governo deve ser objetivo, e tensões comerciais globais, somadas à oscilação do dólar, podem impactar os custos de importação de insumos e bens de consumo, o que traria reflexos diretos no mercado interno brasileiro.
“A cesta básica, essencial para a maioria dos brasileiros, pode sofrer variações em seus preços devido a fatores como a valorização da moeda americana e as taxas de importação de produtos e insumos utilizados na agricultura e pecuária. Se por um lado o Brasil mantém um superávit no comércio agrícola com os EUA, garantindo a venda de produtos, por outro, o impacto dos custos logísticos e dos insumos pode encarecer os produtos alimentares no mercado interno, daí a necessidade de uma boa relação comercial”, analisa Gustavo.
“Por esses fatores, não acredito que o governo vai usar a eleição nos EUA para marcar posição ou causar tensão na economia. É muito importante o Brasil manter a diplomacia e diálogo com todos”, finaliza o empresário.
Gustavo Defendi é sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua há mais de 20 anos no mercado de cestas básicas. Possui experiência corporativa, financeira e contábil no mercado da indústria alimentícia, gestão financeira, inteligência de negócios, estratégia e inteligência de mercado.
Formação acadêmica na Escola de Engenharia Mauá e MBA em Estratégia de Mercado na Fundação Getúlio Vargas. Certificação para conselheiro no IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.