Em um encontro realizado na FIEMG, no início deste mês, representantes de indústrias exportadoras Minas Gerais e membros do Sindicato da Indústria do Ferro Gusa e Sindicato das Indústrias de Ferroligas e Silício Metálico (Abrafe) discutiram as possibilidades de manutenção da escala de navios no Porto de Itaguaí (Sepetiba). “A decisão das Companhias de Navegação de suspender a escala direta do Rio de Janeiro para a Ásia se configura uma decisão extremamente prejudicial para as indústrias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro”, pontua Alexandre Brito, consultor do Centro Internacional de Negócios da FIEMG (CIN).
Representantes das indústrias e membros dos sindicatos afirmam ainda que as consequências do cancelamento da escala não serão desprezíveis. Os custos de frete, segundo eles, já são elevados e ficariam ainda mais altos com a suspensão da escala. “Este problema é particularmente agudo para indústrias localizadas nas regiões Central, Zona da Mata, Rio Doce e vale do aço, e até mesmo em regiões do oeste do estado”, ressalta Brito.
Outro ponto levantado no encontro são os riscos de concentração do mercado, com a redução das escalas e concentração em Santos. O médio prazo uma redução no numero de escalas não apenas limita as opções logísticas das empresas como tende a elevar os custos logísticos e, portanto reduz a competitividade das exportações brasileiras. Enquanto as empresas se esforçam para reduzirem o custo e manter os clientes no exterior, as companhias de navegação acabam por absorver os ganhos possíveis deste esforço.
A linha que atualmente tem a escala no em Itaguaí atende a mercados asiáticos muito importantes para as exportações de Minas e do Brasil. Além de escalas em Santos a linha atende aos mercados situados na Coréia do Sul, norte (Qingdao), centro (Shangai) e sul da China (Shenzen), além de atracação em Cingapura e Malásia. A linha traz produtos asiáticos para o Brasil e produtos brasileiros que são desembarcados nos países asiáticos
De acordo com cálculos da FIEMG, a partir de dados das empresas o aumento do custo logístico diante da eventual eliminação da escala no Rio de Janeiro é estimado em torno de 31%, variando de 13% em media para o setor da mineração, até 55% ou mais nos setores de ferroligas, siderurgia e agro alimentos. Além disto, em todas as simulações os custos de frete para Santos tanto para rodoviário como ferroviário aumentam para as cargas originarias de Minas Gerais.
Brito conta que a estratégia acordada na reunião passa pela negociação com armadores e também pela articulação com entidades estaduais e nacionais como a CNI, e também com a Antaq na busca de soluções que viabilizem a manutenção e entrada de novos operadores. De acordo com as empresas, existe uma demanda potencial que justifica a manutenção da linha de mais de 500 contêineres por semana.