O presidente Donald Trump anunciou na noite de segunda-feira (25) a demissão da governadora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, sob alegações de fraude hipotecária. A decisão, sem precedentes na história da instituição, gerou forte reação de Cook, que afirmou que não deixará o cargo e questionou a legalidade da medida.
Trump publicou em sua rede Truth Social uma carta de rescisão direcionada a Cook, primeira mulher negra a integrar o conselho de governadores do Fed, nomeada em 2022 pelo presidente Joe Biden. O documento acusava a economista de falsificar registros financeiros para obter empréstimos imobiliários em condições mais favoráveis.
A acusação surgiu após o aliado de Trump, Bill Pulte, chefe da Agência Federal de Financiamento da Habitação, encaminhar Cook ao Departamento de Justiça para investigação na semana passada.
Contestação legal
Cook rebateu imediatamente, afirmando que o presidente não tem autoridade para demiti-la.
“O presidente Trump pretendia me demitir ‘por justa causa’ quando não existe causa sob a lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, declarou ao New York Times.
Seu advogado, Abbe Lowell, chamou a decisão de “ilegal e sem base processual”. Segundo a legislação, governadores do Fed só podem ser removidos por “justa causa” ou má conduta comprovada — e nunca um presidente havia tentado destituir um governador antes.
Repercussão política
A senadora Elizabeth Warren, democrata e integrante do Comitê de Assuntos Bancários do Senado, classificou a ação como “uma tomada de poder autoritária”.
“A tentativa ilegal de demitir Lisa Cook é o exemplo mais recente de um presidente desesperado em busca de um bode expiatório para encobrir seu fracasso em reduzir os custos para os americanos”, disse Warren em comunicado.
Incerteza institucional
A crise lança dúvidas sobre a independência do Federal Reserve, considerado o pilar da política monetária dos EUA. Cook tem mandato até 2038, e sua saída, se confirmada, abriria espaço para Trump redesenhar a composição da autoridade monetária.
Até o fechamento desta edição, nem o Federal Reserve nem a Casa Branca haviam se manifestado sobre o caso.