O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram neste domingo um novo acordo comercial entre os EUA e a União Europeia. O tratado reduz tarifas sobre produtos europeus de 30% para 15%, evitando uma escalada de tensões e inaugurando o que Trump chamou de “o maior de todos os acordos”.
Segundo o anúncio, o acordo entrará em vigor já na próxima sexta-feira, impondo tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus exportados aos EUA, incluindo automóveis — um alívio significativo para a indústria alemã, que enfrentava tarifas de até 27,5%. Produtos estratégicos como aeronaves, componentes, produtos farmacêuticos e alguns químicos ficarão isentos.
Além da redução tarifária, a União Europeia se comprometeu a:
- Comprar US$ 750 bilhões em energia americana;
- Investir US$ 600 bilhões adicionais nos EUA em relação aos níveis atuais;
- Adquirir “centenas de bilhões de dólares” em equipamentos militares, segundo Trump — sem detalhamento específico.
A presidente von der Leyen definiu o acordo como “duro, mas necessário”, e líderes europeus expressaram alívio com o desfecho das negociações, que ameaçavam desencadear uma guerra comercial transatlântica.
“Este pacto traz clareza e estabilidade à relação comercial entre Europa e EUA”, disse o primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin.
“Evita um confronto direto entre os dois lados do Atlântico”, declarou a premiê italiana Giorgia Meloni.
Brasil segue mantido sob tarifaço
Apesar da trégua com a UE, Trump confirmou que as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros seguem mantidas. A medida afeta setores-chave da economia do Brasil, como agronegócio, mineração e indústria de transformação, que enfrentam crescentes dificuldades para acessar o mercado americano.
Uma comitiva de senadores brasileiros ja se encontram nos EUA para tentarem um dialogo. Os diplomatas avaliam a exclusão como “sinal geopolítico claro” de distanciamento e alertam para possível reaproximação com a China em meio ao isolamento comercial imposto por Washington.
Cenário geoeconômico
O comércio EUA–UE movimentou cerca de US$ 1,97 trilhão em 2024, incluindo bens e serviços. Embora a União Europeia registre superávit em bens, os EUA dominam o setor de serviços, gerando um saldo favorável geral de €50 bilhões para os europeus.
O que vem a seguir?
Analistas alertam que o acordo poderá pressionar outros parceiros comerciais — como o Brasil — a repensar suas estratégias com os EUA. Enquanto isso, o gesto de Trump reforça uma postura protecionista seletiva, voltada a recompensar aliados estratégicos.